quarta-feira, 15 de junho de 2011

CORAGEM! NÃO TENHAIS MEDO

CORAGEM! NÃO TENHAIS MEDO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Mais do que nunca no contexto atual é necessário fixar as palavras de Jesus a seus tímidos Apóstolos ao O avistarem andando sobre o mar: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (Mt,14,26-27). A insegurança interior, fruto da falta de confiança no divino Redentor, gera medo, com todas os desdobramentos de fobias inconsequentes. O pavor se caracteriza por temores irracionais que agridem determinados indivíduos em certas situações. Trata-se de um pânico intenso, persistente e desproporcionado. Há a fobia social, a específica e a ansiedade generalizada. Pela primeira, a pessoa se sente hesitante em qualquer ambiente no qual se encontra imersa num desconforto contínuo. Neste caso, além de faltar a confiança integral na força de Cristo, se esquece que “não é o lugar que faz a pessoa, mas a pessoa é que faz o lugar”. Não se deve jamais transferir para os outros a precariedade interior, pois, a sociabilidade e a socialização integram a pessoa, não a desestruturam. Quanto a fobias específicas as quais se refletem na postura diante de determinadas circunstâncias são fruto ou de superstição, de preconceitos infundados ou de exageradas preocupações que podem levar ao estresse, o qual partureja a aflição generalizada. Ai, além de um bom discernimento, também a certeza da proteção divina é a solução. Vale o lema: “Ajuda-te que o céu te ajudará”, ou, como diz belíssimo cântico: “Segura nas mãos de Deus e vai”! Falou o Evangelista que os discípulos ficaram apavorados, vendo Jesus caminhar sobre as águas, e sua imaginação os levou a um erro que seria fatal. “Ali estava o Mestre querido e eles viam um fantasma”. A eles e a todos que se deixam levar por fantasias incoerentes Jesus está a dizer: “Coragem! Sou eu, não tenhais medo”. Quando se duvida, como logo depois aconteceu também com Pedro que recebera a permissão de ir até Jesus, andando sobre as águas, o Senhor recriminará sempre: “Fraco na fé, por que duvidaste?” É preciso, contudo, em qualquer hipótese invocar o poder do Filho de Deus, como, aliás, o fez São Pedro: “Senhor, salva-me”. Foi o que ocorreu, outrossim, com São Paulo que narra um problema sério com que ele se deparou, ou seja, um espinho na sua carne. Ele pediu três vezes, isto é, inúmeras vezes, que o Senhor o libertasse. Este, entretanto, disse ao Apóstolo o mesmo que transmite a cada um de seus discípulos: “Basta-te a minha graça, pois é justamente na fraqueza que a força da graça mostra a sua potência” (2 Cor 12,7-9). São Paulo apreendeu bem a lição e concluiu: “É, pois, de boa vontade que me ufanarei de preferência de minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim. Por isto sinto prazer nas pusilanimidades, nos opróbrios, nas necessidades, nas perseguições, nas angustias por Cristo. Porque quando sou fraco então é que sou forte”. Estava revestido de uma inabalável confiança naquele que era sua fortaleza. Mais tarde o próprio São Pedro aconselhará: “Lança sobre Ele todos os vossos cuidados, porque Ele se ocupa de vós” (1 Pd 5,7). Narra-se que certo cristão teve um sonho no qual estava andando nas areias do deserto atrás de Jesus e ia colocando os pés nas marcas deixadas por Ele. Em certo momento o Mestre desapareceu e ele ficou apavorado e caminhava trêmulo com medo de se extraviar e não ter forças para chegar ao fim do percurso. Momentos difíceis. Pensando em Cristo venceu os obstáculos, mas se queixou porque Ele o havia abandonado. A resposta de Jesus foi significativa: “Eu não te abandonei, simplesmente te tomei em meus ombros e, por esta razão, venceste o medo”. Fato real, porém, aconteceu com Santa Teresa de Ávila que era muito tentada pelo Inimigo, sobretudo no que tange à vaidade. Ela, contudo, pugnava bravamente, mas, certo dia, imersa nas tribulações, após mais uma vitória, indagou de Cristo onde ele estava, enquanto ela passava por momentos tormentosos, apavorantes. Jesus lhe respondeu: “Teresa, estava dentro do teu coração, para robustecê-lo”. É que Ele nunca abandona o seu seguidor, mas exige integral confiança! Esta é o antídoto contra o desânimo, a depressão, a desesperança. Tudo depende da boa relação com o Pastor divino que leva a uma segurança que envolve todo o ser humano que fica imbatível diante das intempéries e imune de qualquer medo na travessia do mar da vida. Nada de projeções pessimistas, de incertezas, de vãos temores. Os ventos das provações são inevitáveis, mas com Jesus não esmorecem nunca e, passada a tempestade, se pode repetir com os que já estavam com Ele tranquilos no barco: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”, ou com Paulo de Tarso: “Eu sei em quem eu confiei”! (2 Tm 1,12). *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Um comentário:

  1. PEÇO LICENÇA POR ESTE ESPAÇO EM COMUNICAR.
    GOSTEI MUITO DE LER O TEXTO,QUE ME FAZ REFLETIR SOBRE A ESPIRITUALIDADE,COMO TAMBÉM AS TRANFORMAÇÕES DO MUNDO.
    É UM TEXTO,CUJO TÍTULO NOS FAZ PENSAR EM ATITUDES POSITIVAS E ENCORAJADORAS.
    ESTOU INTERIORMENTE APRENDENDO AOS BONS ENSINAMENTOS BÍBLICOS E FILOSOFICAMENTE...
    COM GRATIDÃO:ATÉ A PRÓXIMA OPORTUNIDADE.

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