segunda-feira, 13 de junho de 2011

AS GLÓRIAS DA TRINDADE SANTA

AS GLÓRIAS DA TRINDADE SANTA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Jesus proclamou o mistério da Santíssima Trindade, ordenando que os Apóstolos batizassem em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19). Ele asseverou que o Pai enviaria o Parácleto (Jo 14,26) e que nele, o Filho Unigênito dado pelo Pai ao mundo, todos deveriam acreditar para ter a vida eterna (Jo 3,18). Declinou o nome e a função das três Pessoas divinas, a saber, o Pai que reina em seu Filho Jesus Cristo, agindo no Espírito Santo. Esta presença trinitária é a grande realidade na existência do mundo e, de modo especial, no coração dos seus seguidores. Pelo Espírito que guia rumo à plenitude da verdade, Cristo desvela a visão do Pai e conduz seu epígono à participação de sua vida filial. Esta revelação trinitária percorre todo o Evangelho. O absoluto da filiação de Cristo aparece claro quando Jesus se entrega à morte com uma confiança total, inabalável, no poder vivificador do Pai. A sua ressurreição dentre os mortos confirmou inteiramente tal realidade, firmando, definitivamente, todos seus ensinamentos e, dentre eles, esta Boa Nova: “Se alguém me ama, meu Pai o amará, viremos a ele e faremos nele nossa morada” (Jo 14,23). A graça santificante é como uma vida divina infusa nas almas, tornando o batizado, aqui na terra, participante da natureza divina e, no céu, ela é a glória beatífica que consiste na posse íntima e vital da vida trinitária. É por isso que as Três Pessoas Divinas estão solidariamente implicadas no mistério da salvação humana. A iniciativa vem do Pai que enviou o Filho e é para o Pai que converge a humanidade reconciliada sob a guia do Espírito Santo. O Consolador, com efeito, conduz a Igreja até à cidade santa onde seu esposo a aguarda. Para os cristãos, caminheiros rumo à eternidade, as bem-aventuranças ensinam as vicissitudes do tempo presente. Os percalços da caminhada não obstaculizam a união com a glória do Pai, pois esta já resplandece sob a face de Cristo pobre, misericordioso, pacífico, manso, sedento de justiça, perseguido, sofredor, mas sempre envolto na luminosidade de uma pureza irradiante. As provações da vida são então o crisol no qual se purifica o eleito do Senhor. As luzes do Espírito Santo, por entre o claro-escuro da trajetória terrena, impedem que se percam os passos de Jesus. A palavra contida na Bíblia sustenta deste modo o cristão, que é também iluminado pelo grande livro da Natureza que narra as maravilhas de Deus, as quais fazem a ação do Todo-Poderoso perceptível para todos. A criação inteira é obra da Santíssima Trindade. Como dizia São João da Cruz, “o Pai pronuncia uma só Palavra e a pronuncia num eterno silêncio”, mas o Verbo único contém em si o germe de todas as criaturas. É o que está na Carta aos Colossenses: “Ele é a imagem de Deus invisível, gerado antes de toda a criatura, porque nele foi criado tudo que há nos céus e na terra [...] Criadas por Ele e para Ele estão voltadas todas as coisas” (Col 1,15-17). Entretanto é o Espírito Santo que possibilita decodificar tudo isto. Desde este mundo se pode já gozar as primícias do que constituirá a beatitude eterna, porque no seu Amor difundido pelo Espírito Santo a Trindade Santa além de deixar vestígios de sua existência, mora no coração de quem lhe é fiel. Santa Elisabete da Trindade proclamava com santa ufania: “Nós trazemos o céu dentro de nós, porque o Amor, o Amor infinito que nos envolve é toda a Trindade que repousa em nós”. Somos a casa da Trindade e a Trindade é nossa casa. “A Santíssima Trindade, eis junto de nós a casa paterna de onde não devemos jamais sair”. Para se viver, porém, em plenamente tão inefável fato é preciso não colocar óbice à ação do Espírito Santo que é Amor, este Amor infinito, imenso, misterioso que une o Pai e o Filho e faz Deus vir até o íntimo de quem O recebe com a dileção que é possível a um ser criado. É o momento culminante do ato livre do ser pensante que entre todos os bens escolhe o Bem infinito que é Deus e entre os diversos e múltiplos outros bens adere tão somente aos que não impedem a proximidade do Ser Uno e Trino. É este o papel fundamental da fé. Esta mostra que é preciso acreditar que somente a Santíssima Trindade pode oferecer a ventura suprema mesmo nesta vida terrena e que qualquer criatura, seja ela quem for e o que for, não pode oferecer a felicidade se elas não guiam até Deus. Eis aí o emprego sábio da liberdade! Proclamou São João: “Passa o mundo e também a sua concupiscência, mas quem faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1 Jo 2,17) e ele dera o motivo: “Porque Deus é amor” (1 Jo 4,8). Eis porque em qualquer circunstância, boa ou má, feliz ou triste, quem crê neste amor nunca desfalece, sabedor de que a Trindade faz tudo cooperar para o bem dos que vivem ininterruptamente em sua função, na sua presença. Aí está a razão pela qual o cristão vive a repetir: “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”! *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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