sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O FENÕMENO LULA

O FENÔMENO LULA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*, da Academia Mineira de Letras
O fato da renomada Universidade Federal de Viçosa ter concedido o título de Doutor “Honoris Causa” a Luis Inácio Lula da Silva provocou na Imprensa em geral os mais diversos comentários. Um julgamento objetivo sobre o último Presidente da República só se dará com o passar dos tempos. Surgiu com ele, para muitos contemporâneos, o redentor da pátria, mas já se cantou, em prosa e verso, a tendência sul-americana de exaltar líderes messiânicos. Como observou Donald Marquand Dozer, “é próprio dos povos latino-americanos recusar a aceitar a tirania de idéias, quer seja a idéia unitária, quer a federalista, quer o socialismo, o comunismo ou qualquer outro sistema de camisa-de-força, mas abandona-se de bom grado ao controle de um caudilho que demonstrar na prática possuir dotes de superioridade pessoal”. Adite-se que à volta do chefe que parece carismático há sempre um grupo que usufrui do poder. É ler os jornais para se perceber que um fisiologismo, antes condenado abertamente, imperou durante os oito anos do governo lulista. É claro que isto é sofisticamente rebatido com o palavreado fulgurante de comunicadores hábeis em dar explicações, sempre se afirmando que as medidas tomadas, os acordos feitos, giraram em torno do interesse da Pátria bem amada. Peron na Argentina; Vargas no Brasil; Alessandri no Chile; Francia, El Supremo, no Paraguai; Porfírio Diaz no México, são alguns exemplos entre tantos outros de governantes que souberam bem explorar seus dotes pessoais em situações que favoreceram seu domínio. É interessante observar que Porfírio Diaz em 1884 retornando à Presidência fez passar uma emenda constitucional que permitia a reeleição. A partir dessa data manteve-se ininterruptamente à testa do governo até 1991! No Brasil Lula foi reconduzido ao Planalto após quatro anos e fez sua sucessora no poder. A questão é se colocar na mente do brasileiro que só há um homem digno da Presidência da República, um único salvador, que, voltando daqui a quatro anos, vai acabar definitivamente com o pauperismo, com a fome, com o desemprego, com o analfabetismo, colocando a saúde pública em patamares invejáveis! Spencer alertou : “O culto dos heróis é o mais forte lá onde a liberdade humana se considera menos”. Portanto, todo cuidado é pouco! Houve cientistas sociais do mais alto gabarito que captaram resquícios de stalinismo na administração de Lula. Aliás, o que antes era combatido, foi defendido depois, não sendo o último governo, na opinião dos melhores analistas, senão uma mera continuação do que foi feito durante os tempos de FHC, colocando-se, inclusive, em prática teses do tão controvertido sociólogo. Seja como for, homenagens foram prestadas em Viçosa ao Doutor Lula que já entrou na História ou como um mito ou como um herói. Os pósteros julgarão melhor!

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