quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

JESUS, O CORDEIRO DE DEUS

JESUS, O CORDEIRO DE DEUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Vendo Jesus vindo até ele, João Batista disse: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29). No Antigo Testamento o cordeiro é sobretudo mencionado em relação com os sacrifícios. Pela instituição da Páscoa, no Livro do Êxodo, o sangue do cordeiro imolado tem um papel protetor: “Tomarão o seu sangue e o passarão sobre os dois umbrais e sobre o frontão das casas” (Ex 12,7). O cordeiro é também a figura do Servidor sofredor em Isaías: “O Senhor fez cair sobre ele as culpas de todos nós. Era maltratado e ele sofria, não abria a boca: era como cordeiro levado ao matadouro” (Is 53, 6-7). No Novo Testamento se encontrará a figura do Cordeiro no livro do Apocalipse, de São João, no qual é visto como o Cordeiro vencedor, o Messias do fim dos tempos: “Combaterão contra o Cordeiro, mas o Cordeiro os vencerá, porque é Senhor dos senhores e Rei dos reis. Aqueles que estão com ele são os chamados, os escolhidos, os fiéis” (Ap 17,14). Quando João Batista fala do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, ele evocava, certamente, a morte de Jesus sobre a cruz, mas mormente também sua ressurreição, a vida eterna e o triunfo definitivo sobre o pecado e a morte. Lemos no Evangelho: “Deus tanto amou o mundo que lhe deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Isto repleta o cristão de suma alegria e confiança. É Deus que está a dizer a cada um: “Vede meu amor. Contemplai meu Filho, meu Cordeiro, sua cruz. Não esqueçais minha solidariedade divina”. Que ventura a do ser humano que crê, pois o Amor eterno o amou desde toda eternidade! O próprio Filho de Deus se encarnou e habitou entre nós. A Segunda Pessoa da Trindade Santa se fez homem! O Todo-Poderoso veio entre os homens em seu Filho Jesus Cristo. O Ser Supremo partilhando a condição humana e dando ao ser racional as condições de, um dia, contemplá-lo face a face na outra vida. Isto deve encher o cristão de otimismo e nada de medo paralisante. A cada minuto que passa, quem tem fé, jamais dirá que está indo para a cova, mas, sim, que se acha mais próximo do céu, graças à redenção oferecida pelo Cordeiro de Deus. Diante dele, como nos afirma São João, “podemos tranquilizar o nosso coração, porque, se a consciência nos acusar, Deus é maior do que a nossa consciência e conhece todas as coisas” (1 Jo 3,19-20). Este apóstolo então explica: “O seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos mutuamente como ele nos mandou. Quem observa os seus mandamentos permanece em Deus, e Deus nele, e que ele permanece em nós sabemo-lo por este sinal: pelo espírito que nos concedeu” (1 Jo 3,23-24). Mistério de amor eterno: Ele o infinito e nós tão limitados; ele imortal e nós sujeitos à morte; Ele o Ser necessário, nós seres contingentes, que existimos e poderíamos não existir! Por tudo isto a tradição cristã viu em Cristo o verdadeiro cordeiro pascal. Donde a recomendação de São Pedro a que vivamos com todo cuidado na nossa peregrinação terrestre e daí seu sábio conselho: “Sabendo que não fostes resgatados dos vossos costumes fúteis, herdados dosa vossos antepassados, a preço de coisas corruptíveis, como prata e ouro, mas pelo sangue precioso de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula” (1 Pd 1,18-20). Aí está a razão pela qual o mesmo apóstolo orienta: “Como filhos dóceis, não vos conformeis com a voluptuosidade de outrora, quando vivíeis na ignorância, mas, como é santo aquele que vos chamou, assim sede santos vós também em todo o vosso procedimento” (1 Pd 1,14-16). Como Cristo é o Cordeiro que tira o pecado do mundo, São Pedro proclamou com toda razão: “Vós, porém, sois estirpe eleita, sacerdócio régio, gente santa, povo trazido à salvação, para tornardes conhecidos os prodígios daquele que vos chamou das tervas para a luz admirável” (1 Pd 2, 9-10). O cristão, de fato, graças ao sangue do Cordeiro (Ap 12,11), vence a Satanás, de quem o Faraó era tipo, e pode entoar “o cântico de Moisés e do Cordeiro” (Ap 15,3). Quando são analisados os princípios do cristianismo, se percebe melhor como as palavras de João Batista, identificando Jesus como o Cordeiro de Deus, marcou, desde o princípio, toda a História da Igreja. Já São Paulo exortava os fiéis de Corinto a viverem como ázimos “na pureza e na verdade”, pois “a nossa Páscoa, Cristo, foi imolado” (Cor 5,7). Referia-se ele às tradições litúrgicas da Páscoa cristã, bem anteriores, portanto aos anos de 55 a 57, data em que ele escrevia a carta aos coríntios. Jesus, o Cordeiro de Deus, é aquele que conduz os fiéis às fontes da bem-aventurança celeste. São João no Apocalipse pode então altissonantemente proclamar: ”Felizes dos convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro” (Ap 19, 9). Vivamos sempre tão sublimes verdades. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário