terça-feira, 23 de novembro de 2010

JESUS, O DIVINO SALVADOR

JESUS, O DIVINO SALVADOR
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O encontro de Jesus com Zaqueu oferece inúmeras reflexões para o contexto atual. Aquele chefe dos cobradores de impostos queria ver o famoso Rabi da Galiléia, cuja reputação tinha se espalhado por toda parte e era proclamado como o Messias que todos esperavam. Mesmo que fosse movido por mera curiosidade o fato dele subir a uma figueira para conhecer o notável taumaturgo é, de si, muito significativo. Fez um esforço que seria amplamente recompensado e que deixaria lição perene. Para receber as graças de Deus cumpre ao ser humano fazer de sua parte, sair de seu comodismo, pouco se importando com o que os outros vão dizer sobre a renúncia e as outras atitudes que o contato com o sobrenatural sempre requer numa disponibilidade total. Fosse hoje, por certo, a foto de Zaqueu percorreria o mundo com os comentários mais acerbos por parte dos seus conterrâneos, tanto mais que grande era a aversão para com aqueles funcionários arrendatários dos rendimentos públicos, sobretudo para com o gerente de todos eles. Estavam a serviço dos romanos, eram agentes do Império, o que ofendia os brios nacionalistas de Israel. Adite-se que Zaqueu era o homem mais rico de Jericó e, no entanto, por querer conhecer Jesus estava em cima de uma árvore como se fosse um fruto nativo. Qual não foi o seu espanto quando Cristo o olhou naquela situação tão patética e, mais ainda, quando este lhe disse que iria hospedar-se com ele. Admirável o exame de consciência que fez aquele homem que se logo se dispõe a reparar qualquer injustiça que tenha cometido. Jesus entrou na casa de Zaqueu e mais ainda penetrou fundo no seu coração, no íntimo de sua consciência. Para conquistar aquele pecador Cristo passou por cima de todos os preconceitos e deixou sua famosa sentença: “O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido”. Muitos foram os que condenaram a atitude de Cristo indo à casa de um pecador, porque não entendiam a missão do Filho de Deus nem estavam empenhados na conversão dos que estavam no erro. Com a presença de Jesus a salvação entrou na casa de Zaqueu. Todo batizado tem obrigação de cooperar com o divino Salvador na sua obra redentora, trazendo as ovelhas tresmalhadas para o redil do Bom Pastor. Um apostolado do qual ninguém deve se eximir é o da oração e está ao alcance de toda classe de pessoas e de todos os sexos e condições sociais. Quantos Zaqueus mudaram de vida graças às preces insistentes dos pais, dos parentes, dos amigos, dos professores, dos alunos, dos namorados...! Aliás, os Apóstolos com a pregação e a oração evangelizaram os povos; as lágrimas e orações de Marta e Maria comoveram a Jesus que ressuscitou a Lázaro; os prantos de Santa Mônica converteram a Agostinho. São Francisco Xavier com suas preces missionou a Índia e o Japão. Inúmeras as almas de vida contemplativa que, com suas orações, converteram mais almas do que as fadigas de muitos missionários, como aconteceu com Santa Terezinha do Menino Jesus, reclusa no seu convento. Além disto, há o apostolado do sofrimento que é, por assim dizer, um reforço da oração. Dom Oscar de Oliveira narrou, em precioso artigo, o que ocorreu em certo lugar onde um jovem ficara paraplégico e oferecia seus sofrimentos pela conversão dos pecadores. Havia dias de fila em frente de sua casa feita por fiéis a lhe pedirem dedicasse algumas horas para a mudança de vida de pessoa querida que trilhava o mau caminho. Numerosas as conversões atestou o sábio Antístite comovido com tal apostolado. Cumpre ainda, porém, trabalhar na vinha do Senhor pela palavra. A língua tão pequenina pode, contudo, fazer muito bem ou muito mal. Quantos conselhos oportunos endireitaram a existência de pecadores! Uma palavra certa no momento exato faz maravilhas para o reino de Deus. A conversa amiga convence, orienta. Uma repreensão feita com diplomacia pode ser o início de uma vida nova. Muitos são os que com seus carismas e sua cultura prestam inestimável serviço através de palestras bem preparadas para as mais variadas reuniões pastorais. A freqüência aos Sacramentos é também uma pregação admirável, pois o exemplo arrasta. Quantos passam a não mais perder a Missa dominical arrastados por aqueles que são fiéis a este dever elementar do cristão. Nem se pode esquecer da necessidade da participação, sempre que possível, nas diversas organizações de pastoral que se multiplicam nas paróquias: acolhida, alanon, batismo, catequese, da criança e do menor, do dízimo, da dimensão social, da esperança, da família, dos grupos de oração, dos grupos juvenis, dos idosos, da liturgia. De acordo com os talentos pessoais e o tempo disponível é preciso participar cooperando com Jesus, o divino Salvador que foi à casa de Zaqueu e o converteu, mas que conta com cada cristão para continuar sua obra redentora. *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário