quarta-feira, 23 de junho de 2010

MENSAGENS DA SENHORA DAS DORES

MENSAGENS DA SENHORA DAS DORES
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A Mãe das Dores da cátedra de sua amargura nos episódios da Paixão de Jesus está a mostrar que, nos momentos de glória, seu divino Filho era seguido por multidões a louvá-lo.
No ressoar do sofrimento, a grande parte de seus amigos e admiradores o abandonaram, deixando-o também seus apóstolos, com exceção de São João.
Maria, entretanto, enquanto fulgia a grandiosidade divina da palavra de seu Filho a deslumbrar as turbas, maravilhadas com seus milagres, na sua humildade extraordinária, como que recusando a honra que lhe poderia advir dos feitos de Cristo, se ocultava, alheia a tudo.
Logo, porém, que Jesus Cristo se despoja de seu poder e se vê desprezado e perseguido, aparece Maria para se sacrificar com Ele indo a seu Encontro na Rua da Amargura e, depois, seguindo-o até o Calvário.
Acompanhar a Jesus em suas pregações, em seus prodígios, nos cimos do Tabor iluminados com resplendores divinos, entre palmas e triunfos do Domingo de Ramos e nisto sintetizar e compendiar sua crença, eis a síntese frágil e débil de uma mui vacilante fé.
Seja a Religião uma filosofia platônica, culto esplendoroso da divindade sem sacrifícios e abnegações, sem mandamentos e leis que se oponham à veleidade das paixões, tal o ideal vazio, fantasmagórico e bruxuleante de muitos espíritos. Maria indo ao encontro de Jesus é um brado de alerta.
Com Cristo e com Maria temos que passar pela rua da Amargura e subir até o Calvário se queremos revestir-nos de glória imperecível.
É pela cruz que se chega à luz eterna, conforme, num instante de pulcra inspiração, proclamou Blaise Pascal: per crucem ad lucem.
Quantas cabeças doloridas há no mundo, porque nunca se curvaram perante uma cabeça coroada de espinhos para Redenção universal.
Quantos pés feridos nas pedras dos caminhos da vida, porque nunca seguiram as pisadas dos pés que se machucaram nas pedras da íngreme ladeira da Rua da Amargura.
Quantos desencontros dolorosos porque se desconhece o mistério do encontro da Rua da Dor, onde Cristo e Maria ensinam que só o amor diviniza a dor.
Quantos corpos magoados há nesta terra só porque desconhecem o amor de Jesus e de Maria com o qual se curariam suas dores com as quais tanto padecem.
Quantos corações torturados, porque não conhecem o bálsamo deste coração do Redentor e de sua Mãe e, por isto, não compreendem que é sempre por ausência de amor que o sofrimento deixa de ser purificação e redenção.
Assim não percebem a alegria do sacrifício, porque não possuem a ventura do amor. *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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