quarta-feira, 23 de junho de 2010

FRUTOS BONS

FRUTOS BONS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Mestre da comunicação, Jesus, o pregador por excelência, firmou princípios extraordinários com sentenças que levam a profundas reflexões. Assim é que ele lembrou: “Toda árvore boa produz frutos bons” (Mt 7,17). Como bom pedagogo Ele ensinou como o seu discípulo poderia dar bons frutos: “Ficai em mim e eu em vós ficarei. Quem em mim permanece há de dar muito fruto (Jo 4s). São Paulo decodificou magnificamente esta ordem de Jesus e aconselhou aos Colossenses: “Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Cl 3,17). Portanto, somente uma boa ação feita em união com Jesus é que redunda em boas obras. Em suas cartas o Apóstolo usa esta expressão “em nome de Jesus” dez vezes e isto porque, dizia ele aos Filipenses:“Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes” (Fl 2,9). Tudo que não é feito através deste nome não resulta em algo proveitoso. Foi, por isto que, Cristo acrescentou: “Aquele que não recolhe comigo dispersa (Lc 11,23). Para que se possa, porém, estar em comunhão com o Filho de Deus é preciso acolher o Espírito Santo que transforma as ações virtuosas feitas em nome de Cristo em frutos opimos. Assim como os que só pensam em bens materiais os procuram adquirir, o mesmo deve acontecer no que tange o Espírito Santo. Muitos só pensam em obter honras, marcas de distinção e outras recompensas humanas. A obtenção do Espírito Santo, que Jesus enviou do Pai, oferece outro tipo de ganhos muito acima das vantagens terrenas, porque Ele faz frutificar para a vida eterna. Foi por isto que São Paulo aconselhou: “Cuida, pois, diligentemente, como deveis proceder; não como insensatos, mas como pessoas sábias (Ef. 5,15). Comportar-se como ajuizados é praticar ações virtuosas unidos a Cristo com a graça do Espírito Santo. O que tantas vezes se esquece é que existe, segundo Santo Antão na sua famosa Carta aos monges, uma diferença entre as três vontades que agem no interior de cada um. A primeira é a vontade de Deus, perfeita e salvadora; a segunda é a vontade própria, humana, que em si, não é nem nefasta nem salvadora e a terceira seria a do Maligno que é inteiramente nefasta. É esta terceira vontade que impede que se dêem frutos bons para a vida eterna, praticando as ações por vaidade ou outro motivo humano e não em nome de Cristo. A vontade própria ignora a graça divina e leva o cristão à nefasta auto-suficiência. Somente a vontade divina é salvadora e faz com que se produzam frutos cento por um, pois induz cada um a fazer o bem unicamente unido a Cristo sob a luz do Espírito Santo. Deste modo as atividades humanas ficam sobrenaturalizadas, as trevas se transformam em luz, o ser racional se torna o templo luminoso de Deus e o coração a habitação onde se encontra o divino Salvador, o esposo das almas. Tudo isto se torna possível exatamente através da oração, a qual possibilita ao rico e ao pobre, ao sábio e ao ignorante, ao forte e ao fraco, ao virtuoso e ao pecador se disporem a uma existência sempre mais correta nas sendas traçadas por Cristo, procurando a própria santificação. Estas veredas propiciam que se colham os doze frutos do Espírito Santos, os quais, segundo a Vulgata, são a paz, a alegria, a longanimidade, a bondade, a benignidade, a paciência, a mansidão, a modéstia, a castidade, a continência, a fidelidade e o amor a Deus e ao próximo, conforme São Paulo explicou aos Gálatas (Gl 5,22-23). É que o espírito de Jesus toma conta dos corações sinceros, impede a instigação do Maligno e faz com que se cultivem e se colham estes frutos maravilhosos. Deste modo a prioridade de Deus consiste em produzir em cada um estes admiráveis resultados em tudo que o cristão faz, mesmo nas mais pequeninas ações. O que importa diante de Deus é a atitude do coração no qual seu Espírito planta uma árvore frondosa que dará os frutos naqueles que refletem Jesus na sua existência. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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