sábado, 8 de maio de 2010

JESUS NAS BODAS DE CANÁ

JESUS NAS BODAS DE CANÁ
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Testemunha ocular do que ocorreu em Caná da Galiléia, São João desceu a detalhes sobre os acontecimentos ao ensejo da festa de um casamento (Jo 2,1-11). Nota o evangelista que Jesus e seus discípulos tinham sido convidados e que Maria também lá se achava. Tratava-se, possivelmente, de um parente de Cristo ou de algum amigo da Sua família. Houve neste caso um convite e Ele que veio para trazer a salvação aos homens se fez presente num momento de alegria. Mais tarde Ele mesmo dirá a Zaqueu: “Hoje devo ficar em tua casa” (Lc 19,5). É sempre com júbilo que o Redentor acata o apelo de alguém que O quer dentro de seu coração ou o deseja dentro de sua casa, no seu local de trabalho. Quando, porém, o próprio Jesus bate à porta cumpre recebê-lo como Zaqueu que “O acolheu com alegria”. O alerta está no Apocalipse: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo” (Ap 3,20). Em Caná, Cristo iniciou a série de seus milagres “e manifestou a sua glória e seus discípulos creram nele”. Na residência do publicano se deu uma total conversão, radical mudança de vida. É isto que acontece sempre lá onde Jesus está. É de se notar que em Caná se dava uma grande festa, pois lá estavam seis vasos de água para a purificação o que indica que muitos foram os convidados. Eram vasos enormes, dado que o ritual judaico compreendia o lavar mãos e pés. O que não se previu, porém, é que o vinho viria a faltar o que colocou os patrocinadores da festa em apuros, pois pelas regras da hospitalidade e da urbanidade do Oriente isto seria uma falta injustificável. É então que a Mãe de Jesus interfere, pois com sua intuição admirável logo percebeu o apuro dos organizadores da solenidade. Sabedora do poder divino de seu Filho ela simplesmente Lhe mostra a situação embaraçosa para todos, com o que implicitamente estava fazendo um pedido. Merece uma reflexão profunda a resposta de Cristo a sua Mãe: ”Mulher, porque dizes isso a mim? Minha hora ainda não chegou”. Ele deixaria clara a distinção que haveria entre sua missão redentora e as relações familiares. Todos os sinais prodigiosos que faria teriam sempre conexão íntima com a obra salvadora, jamais Ele se apresentaria como um mágico qualquer. Nas relações com sua Mãe há dois momentos chaves: em Nazaré lhe era submisso, obediente (Lc 2,52) e lá no Calvário Ele amorosamente a confiará ao discípulo amado: “Eis aí a tua mãe” (Jo 19,27). Entretanto, ao ser encontrado no Templo entre os doutores, com apenas 12 anos, Ele disse à sua aflita mãe que a três dias o procurava: “Não sabíeis que eu devo encontrar-me na casa de meu Pai”? (Lc 2,49) Em Caná, Jesus patenteava para todos os seus seguidores que sua tarefa não seria de simplesmente transformar água em vinho. Maria, por certo, percebeu o que Ele queria dizer, tanto que ela afirmou aos serventes: “Fazei o que Ele vos disser”. A humilde Senhora conhecia bem a distância entre Ela e o Filho de Deus e não passara pela sua idéia lhe dar uma ordem. Conhecia, contudo, seu poder onipotente e nele confiou sem descer a detalhes. Quantas vezes as preces de muitos fiéis são imposições dadas a Deus em muitas circunstâncias até com ousadas ameaças ao Todo-Poderoso: Ou se alcança a graça imposta ou então não se rezará mais, se abandonará a religião, se amaldiçoará o Criador, sua mãe e os santos. Um absurdo, mas que ocorre com muitos que não possuem a postura de Maria. Cristo ordenou que se enchessem as talhas de água e isto foi completamente feito. A água se transformou num delicioso vinho pela intervenção de Cristo e isto foi constatado pelo mestre-sala. Deve-se sempre fazer os pedidos a Jesus e deixar, em seguida, tudo nas suas mãos, pois Ele sabe o que é mais vantajoso para cada um. Adite-se finalmente que Jesus estava ali abençoando uma cerimônia nupcial manifestando o valor do matrimônio que Ele elevaria à dignidade de um Sacramento. *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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