sábado, 8 de maio de 2010

IMPORTÃNCIA DA GRAÇA SANTIFICANTE

01 IMPORTÃNCIA DA GRAÇA SANTIFICANTE
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Em nossos dias, felizmente, a esplêndida realidade da graça santificante e da presença de Deus nas almas vem sendo objeto de profundas reflexões por parte dos cristãos. Claras as palavras de Jesus: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (Jo 14,23)
Na alheta de São Paulo se compreende a necessidade de uma conscientização salutar desta verdade. Célebre a indagação que ele fez aos Coríntios: “Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? (1 Cor 3,16).
São Pedro empregou uma expressão elucidativa, pois somos “participantes da natureza divina” (2 Pd 1,4).
Cumpre viver fato tão sublime. Trata-se de um bem inapreciável que precisa, na realidade, ser valorizado. É um ponto basilar da religião, essência mesma da vida cristã. Sublimidade íntima e misteriosa que passa a gozar a alma do batizado ou daquele que, a tendo perdido, a recupera no Sacramento da Confissão. Maravilhosa adoção divina, participação da vida da Trindade Santa, incorporação a Cristo, a presença real de Deus na alma confere títulos de nobreza de que pode e deve se ufanar o fiel cônscio de sua dignidade. Nunca se aprecia demais tão grandioso dom de Deus. A presença de Deus em nós é uma presença embebida de amor pessoal, total, infinito. Amor realmente inconcebível e ao mesmo tempo de tal delicadeza que confunde. Dentro do cristão, silenciosamente, passam-se realidades inefáveis. O Pai não deixa de se entregar ao Filho; este não para de arrebatar-nos consigo no impulso de seu dom ao Pai; o Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, não cessa, incessantemente, de nos unir a Ele para nos incorporar na corrente do amor trinitário. Trata-se de uma atividade purificadora, santificadora, redentora que Deus exerce dentro da alma em estado de graça. É o Infinito que aí se faz presente.
É necessário, verdadeiramente, a convicção de que somos naturalizados divinos e como que divinizados, deificados, o que levará fatalmente a uma fuga maior das ocasiões de pecado para não se expor a perder tão valioso tesouro.
Esta persuasão conduz, além disto, a enflorar com todas as virtudes esta morada interior onde o Ser Supremo se encontra.
Ele é hóspede merecedor de toda a atenção, desejoso de aí receber a homenagem incessante do amor de sua criatura sobrenaturalizada.
Os grandes santos, a exemplo de Santa Catarina de Sena, se recolhiam sempre em si mesmos para conversar com Deus e manifestar uma adoração sincera. Esta santa chamava de “cela” o santuário interior onde está o Ser Supremo. Santa Teresa entrava inúmeras vezes no “castelo interior” para adorar profundamente as Três Pessoas divinas. O louvor à Trindade pode muito bem ser expresso no “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo” repetido através do dia por entre as ocupações de cada hora.
Como mostrou Pascal cumpre “fazer as pequenas coisas como grandes, por causa da majestade de Deus que as faz em nós e que vive nossa vida; e as grandes, como pequenas e fáceis por causa de seu poder soberano”.
São João da Cruz mostrou que deve caracterizar a prece do cristão uma lembrança amorosa de Deus com o qual se une lá dentro do coração numa inexprimível tertúlia. Isto exige uma atenção plena de dileção para com Aquele no qual “movemos, existimos e somos”, mas que quis fazer em nós sua morada. Por tudo isto, o autêntico cristão procura remover os obstáculos que impedem sua união com a Trindade Santa. Dois principais escolhos que até os místicos, por vezes, enfrentaram a falta de recolhimento e a distração do espírito e do coração. Apenas assim se pode viver em contato com a divindade presente dentro da alma. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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