sábado, 8 de maio de 2010

EUTANÁSIA, ORTOTANÁSIA E DISTANÁSIA

EUTANÁSIA, ORTOTANÁSIA E DISTANÁSIA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Cumpre, de início, se diga que do ponto de vista moral, da verdadeira ética, a eutanásia é totalmente condenável.
Entretanto, é importante observar que também a distanásia é, outrossim, condenável. Ambas possuem em comum o fato de desviar a morte de seu andamento natural.
Enquanto a eutanásia antecipa a morte, a distanásia prorroga sua chegada. As duas encontram-se em extremidades opostas.
Entre elas, encontra-se a ortotanásia, ou seja, uma omissão, de não realização de uma ação de indicação terapêutica, configurando uma “eutanásia passiva”.
A Igreja é clara na sua orientação: “Nestas situações quando a morte se anuncia iminente e inevitável, pode-se em consciência renunciar a tratamentos que dariam somente um prolongamento precário e penoso da vida, sem, contudo, interromper os cuidados normais devidos ao doente em casos semelhantes (Evangelium Vitae n. 65).
Tudo que, dentro das normas morais, pode aliviar o doente em estado terminal deve ser feito. A proximidade à morte, contudo, não deve privar o enfermo de sua ação pessoal, responsável, digna de um ser racional.
Como lembra o citado documento eclesial Evangelium Vitae: “quando se aproxima a morte, as pessoas devem estar em condições de poder satisfazer as suas obrigações morais e familiares, e devem sobretudo poder-se preparar com plena consciência para o encontro definitivo com Deus” (n. 65).
Isto não significa, entretanto, dar ao enfermo o direito de solicitar procedimentos de eutanásia.
Consciente da futilidade de seu tratamento, o enfermo tem o direito de prosseguir com meios paliativos, aguardando o curso natural da própria vida. Deus é que é o Senhor de tudo, que dirige com sabedoria a direção da existência de cada um.
É legitimo morrer com dignidade. O que não é legítimo é antecipar ou retardar o processo de morte.
É necessário ao cristão ter claras as noções supra expressas, pois os meios de comunicação social usam termos equívocos que confundem as mentes e, ao invés de defenderem a vida no seu autêntico sentido, preconizam a morte.
A Igreja foi sempre a favor da vida, dom precioso de Deus que deve ser preservada desde o seu início até o último momento na trajetória terrena do ser humano rumo à eternidade.

*Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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