sábado, 8 de maio de 2010

ATUALIDADE DO EXEMPLO DE JESUS

ATUALIDADE DO EXEMPLO DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

O clamor de Cristo “Dei-vos o exemplo para que como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo 13,15) continua atualissimo. É um convite a uma profunda análise de nosso comportamento cristão. Hoje, mais do que nunca, a tarefa das pessoas responsáveis, sobretudo dos seguidores do Redentor, é fazer com que o preceito do amor pregado por Ele transforme a sociedade, afastando o paradoxo de estruturas abertamente antievangélicas. Combate enérgico às muitas situações de injustiça. Busca, junto com o povo pobre, sofrido, da transformação de tudo que significa opressão e miséria. Tão nobre objetivo só será conseguido exatamente pela aplicação plena, eficiente, autêntica, da regra de dileção ao próximo.
Atuação efetiva ao lado dos oprimidos, dos injustiçados, dos excluídos. Isto sem retórica e sem delongas.
É angustiante contemplar uma minoria que detém o poder econômico, usufruindo regalias nababescas, enquanto a maior parte da população passa por horrípilas privações, pauperismo institucionalizado que agride violentamente os mais elementares sentimentos humanos.
Realidade dramática e dolorosa é, realmente, a pobreza de grandes faixas da população. Um sem número de pessoas na total indigência. Colocadas à margem dos benefícios econômicos e sociais.
A desigualdade, fruto da concentração das riquezas nas mãos de uns poucos, sustentado isto por uma legislação elitista e interpretada segundo o interesse dos poderosos, faz com que uma parcela cada vez maior seja colocada fora dos benefícios do desenvolvimento que deve ser partilhado por todos.
Vasto contingente humano votado à falta do mínimo necessário à subsistência. Miséria extrema, resultado de um modelo econômico de pouca ou nenhuma sensibilidade social.
Este problema não pode ser resolvido pela lei, a qual, manipulada pelos donos do poder, ignora a marginalização, a doença, o analfabetismo.
Adite-se que, embora o destino do Direito seja a justiça, este, ainda que fosse ministrado corretamente, não ultrapassaria seus limites. Apenas o amor vai muito além e faz do supérfluo do rico o que é devido aos mais carentes. Isto não por imposição, mas num gesto de dileção que rompe todas as barreiras e limitações.
Trata-se da libertação da pobreza e da opressão, construindo-se uma sociedade mais justa que respeite os mais elementares direitos humanos. Este é o apelo do Mestre que nos leva a aprofundar tema fundamental, sob pena do nosso cristianismo se transformar numa máscara, numa hipocrisia e, até mesmo, numa impostura, numa farsa.
Cada batizado no seu setor de trabalho pode e deve ser o agente desta mudança necessária, urgente, imprescindível.
O grande economista Paul Singer considera como pobres os que possuem renda monetária até dois salários mínimos. Ora, nesta situação está nada menos que cerca de sessenta por cento da população brasileira economicamente ativa. Isto quer dizer que mais de cinqüenta milhões de pessoas são realmente pobres, sendo que estas têm renda familiar inferior a meio salário mínimo! Se a esta verificação ajuntarmos os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA ) de que mais de trinta milhões de brasileiros vivem na mais absoluta penúria, o quadro é, de fato, aterrador.
Não podemos ficar insensíveis ante tal realidade e nos deixar enganar pelos dados da publicidade do Governo.* Professor no Seminário de Mariana de 1067 a 2008.

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