sábado, 8 de maio de 2010

AS LIÇÕES DA ASCENSÃO DO SENHOR

AS LIÇÕES DA ASCENSÃO DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Uma das mais importantes solenidades do Ano Litúrgico é a festa da Ascensão de Jesus aos céus, quarenta dias após os acontecimentos de sua Paixão (Lc 24,46-53). Ele se separa novamente de seus discípulos, deixando lições preciosas. Ele retorna para junto do Pai para ficar à espera dos que Ele redimira, mas, maravilhosamente, fica com seus seguidores aqui na terra no Sacrário das Igrejas. Ele cumpriria sua promessa: “Eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,20). Há, deste modo, um misto de nostalgia e alegria no dia da Ascensão, pois Cristo deixa esta terra, mas permanece contemporâneo de todas as gerações cristãs através da divina Eucaristia. No céu é o Sacerdote poderoso que intercede continuamente pelos homens, Ele cuja prece é a alma de todas as orações. Na terra é o companheiro de viagem. Uma e outra realidade são vividas intensamente através da fé e levam a um júbilo imenso. Jesus vai-se embora, mas não deixa um vazio no coração de seus epígonos. Instala uma nova situação, pois na aventura por este exílio Ele continuaria junto dos seus aqui na terra e lá no céu! Além do mais Ele da Casa do Pai enviaria o Espírito Santo, a força do alto e, deste modo, sua Ascensão é um convite à preparação para outra grandiosa festa que se aproxima: Pentecostes. Por tudo isto o cristão é alguém que vive numa radiosa e contínua esperança, como está na oração deste dia glorioso. Com a Ascensão um horizonte imenso se abre. Jesus se oculta sob as espécies sacramentais e aumenta a expectativa de seu retorno visível glorioso no dia da Parusia pelos anjos anunciada e registrada nos Atos dos Apóstolos: “Esse Jesus que, separando-se de vós, foi arrebatado ao céu, virá do mesmo modo que o vistes ir para o céu” (Atos 1,11)! Afiançara, portanto os mensageiros divinos: “Ele voltará”, como está, aliás, predito na descrição do juízo final: “Quando pois vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então se sentará sobre o trono de sua majestade. Serão todas as gentes congregadas diante dele” (Mt 25,31-32). Até lá, Jesus chama a todos para justificá-los e santificá-los mais e mais afim de um os glorificar na sua glória. É preciso mentalizar esta verdade extraordinária. Cumpre marchar com Ele que nos convida a seguí-lo. Cabe ao cristão levar ao mundo uma porção do céu onde está o Mestre. O pensamento do céu, porém, não é alienante é preciso respeito total pelo momento presente. O anelo das realidades celestes não torna ninguém negligente de seu trabalho, do empenho pela construção de um mundo melhor. É necessário que se fuja de todas as doutrinas esotéricas que pululam por toda parte e que contaminam a pureza da fé cristã. Como os apóstolos todo batizado é enviado ao mundo para testemunhar a verdadeira doutrina sobre a vida além túmulo, cônscio cada um de sua responsabilidade. A vida eterna que a Ascensão de Jesus nos recorda foi dada embrionariamente no dia do batismo. Ela deve crescer e se desenvolver no cristão durante toda sua vida e se irradiar por toda parte numa existência repleta da verdadeira esperança. Após a Ascensão, Cristo não mais visível aos olhos humanos, mas o mundo deve, entretanto, poder contemplá-lo através de seu seguidor, entendendo sua mensagem pelas suas palavras e suas vidas. Mais do que nunca a Igreja tem necessidade da incorporação de todo batizado no Senhor que está à direita do Pai. Será por Jesus que a existência de cada um será uma ascensão contínua para o céu onde ele está a sua espera. Lembremo-nos que Santo Estevão ao morrer afirmou: “Eu vejo os céus abertos e o Filho do homem de pé à direita de Deus” (Atos 7, 56). O detalhe é importante Jesus de pé, não assentado porque Ele continua sua missão salvífica e só se assentará quando todos os seus estiverem no céu para glorificar a Trindade Santa por toda a eternidade. Está de pé para sustentar seu discípulo na pugna contra o mal. Cumpre, portanto, seguir o Senhor pelo coração lá onde está intercedendo por nós. Fujamos dos desejos terrestres e que nada nesta terra possa nos seduzir. Empreguemos o tempo presente para praticar o bem, cultivar as virtudes para não perdermos o lugar que nos está reservado lá no céu. Vivamos, então, em função da Eucaristia, Jesus presente entre nós, como pão da vida eterna! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos!

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