sábado, 8 de maio de 2010

AMAR JESUS

AMAR JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A mesma indagação que Cristo Ressuscitado fez a Pedro, ele dirige a todo seu seguidor: “ Tu me amas”? (Jo 21, 16). Cumpre, antes de tudo, recordar o fundamento do amor que se deve ao divino Redentor. São Paulo lembrava aos Coríntios que “o amor de Cristo nos constrange” e dava o motivo: “Sim, ele morreu por todos, a fim de que os que vivem já não vivam para si, mas para aquele que por eles morreu e ressurgiu (2 Cor 5, 14-15). Supereminente, de fato, a caridade do Filho de Deus pelos homens. Penetrar fundo nesta realidade é estar repleto da plenitude de uma afeição sem limites, imergindo-se numa fornalha ardente de benignidade acima de toda compreensão humana. Como amor com amor se paga, bem se pode entender o quanto Ele foi amado pela Virgem Maria, sua Mãe cujo coração ardia de ardores inefáveis por seu divino Filho. Antes mesmo de vir a este mundo, Ele foi o desejado dos patriarcas e dos profetas. Zacarias o denominou “sol para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, para orientar os nossos passos no caminho da paz” (Lc 1, 78-79). Semeão no templo, abrasado de carinho, O proclamou luz para iluminar as gentes e glória de Israel” (Lc 2,32). O Apóstolo Pedro pôde responder a Jesus: “Sim Senhor, tudo sabes que eu te amo”. Por que se dizia o discípulo amado, João Evangelista lá estava ao pé da Cruz junto do Mestre querido. São Paulo, trovador da ternura de Cristo, então perguntava na famosa passagem de sua Carta aos romanos: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? (Rm 8,35) e, por isto, pôde afirmou: “O meu viver é Cristo” (Fp 1,21). Por Ele os mártires derramaram seu sangue e nenhum personagem da História foi tão reverenciado como Cristo, objeto do amor de milhares de santos em todos os tempos e em todos os lugares. É que Ele atraiu toda a humanidade, uma vez que conquistou adeptos em todas as partes do mundo. Ele fez sua a inteligência e a liberdade de milhares de seguidores. Ele apoderou-se dos corações sinceros e ardentes de uma verdadeira dileção. Em todos os quadrantes da terra, de um polo a outro, a figura singular de Jesus Cristo ressuscitado fez surgir multidões de súditos que, empolgados pelo sublime de sua doutrina, pelo excelso de suas sábias máximas, pelo belo de suas idéias fizeram de sua existência empenho único qual seja servir Mestre tão amável. Em toda as camadas sociais, em todas as nações, nos mais diversos rincões, nas mais afastadas plagas, no Oriente e no Ocidente, nos fogos do Equador, nos gelos polares aparecem, de fato, heróis formidáveis, que espantam o universo pela grandiosidade de seu afeto a Jesus, numa outra prova inconteste da ressurreição do Senhor, pois um tal amor não pode emanar de frias tumbas. Cristo ressuscitado, aparece amorosamente ante a sociedade e ilumina as inteligências, oferecendo aos povos sua Religião, única tábua de salvação e progresso. Eletriza as mentes com a verdade da qual se fez mensageiro divino. Os corações nobres sempre lhe reservaram tudo aquilo que eles de melhor possuem, a saber, sua afeição irrestrita, seu amor total. Este amor lhe fez guarda ao túmulo de pedra e seu sepulcro foi não só glorioso, como também objeto das manifestações mais ternas da dileção mais fervorosa. Milhares têm se deixado intrepidamente martirizar por Ele e por Ele suportam e aceitam corajosamente as mais terríveis, duras e cruciantes privações. É que Ele tem o misterioso condão, o sublime poder de penetrar dentro dos corações e sem lhes arrebatar a liberdade fazê-los arder de entusiasmo, incendiando o ânimo de emoção e faz então com que milhões de adoradores se desapeguem todos os dias dos falsos deleites da terra, recebam o espírito de sua cruz e se ponham de joelhos e adorem as suas cinco chagas gloriosas e resplandecentes após o dia da sua ressurreição. Esta assim confirmada através dos tempos, pois jamais um morto poderia suscitar tanta dedicação e renúncia. Como, porém, realmente amar Jesus? Ele mesmo nos dirá: Serva mandata – observa os mandamentos (Mt 19,17). Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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