segunda-feira, 12 de abril de 2010

MARIA E A ESPERANÇA

MARIA E A ESPERANÇA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Maria é nossa esperança como rezamos na “Salve Rainha”, porque ela vive plenamente sua vida bem-aventurada lá no céu junto de seu Filho, inclusive para, de lá, acompanhar nossos passos aqui na terra. Maria foi venturosa na plenitude de sua confiança em Deus e nos mostra que só se pode ser feliz quando, a seu exemplo, o cristão mora na casa da esperança, atendendo todos os apelos divinos. É isto que Maria nos ensina para que sejamos ditosos, participando de sua ventura celestial. Ela nos indica o caminho que leva à Casa do Pai e nos dá força e coragem constantes para possuirmos as delícias perenes da dileção divina. Tal postura afasta o desânimo, fruto dos fracassos, das decepções, das ingratidões, das incompreensões, das incongruências próprias de um exílio. Ela está a dizer a seus filhos que as dificuldades surgem para serem vencidas. Porque ela não fraquejou diante da cruz, partilhou, mais do que ninguém, as alegrias da Páscoa. Deus não exige de ninguém o êxito, o sucesso, mas, sim, o esforço. Aide-toi et le ciel t’aidera - ajuda-te e o céu te ajudará, proclama célebre provérbio francês. No Brasil a voz do povo diz: “Deus faz a parte dele, mas é preciso que cada um também faça a sua parte”. Maria muito cooperou na obra da salvação, mas a sexta-feira santa poderia lhe parecer o maior fracasso da História. Ela, entretanto, a Virgem da esperança, sabia que raiaria a manhã radiosa da Ressurreição de seu Jesus. É que esta sua expectativa estava alicerçada numa fé inabalável e excluía toda hesitação, qualquer dúvida, certeza absoluta, irremovível. A esperança era uma lei fundamental de sua existência Envoltos nesta mesma virtude os devotos de Maria vencem os momentos de lassidão e se impregnam de entusiasmo na caminhada por este vale de lágrimas. A esperança cristã é a adesão cordial de uma existência temporal a uma eternidade promissora. Viver como autêntico cristão é imitar a esperança de Maria, ou seja, viver em Cristo, aceitando com clara fidelidade e total docilidade seus ensinamentos, praticando-os sempre; aguardando com santa ansiedade o cumprimento de suas promessas; amando em Cristo e por Cristo a realidade toda desde a presença invisível e criadora de Deus até a visível e contingente nas suas criaturas, sobretudo nos seres racionais, criados à Sua imagem e semelhança, mas tudo isto em vista a um prêmio eterno (Lc 12,33). Desta fulgente esperança resultam a segurança, a alegria, a imperturbabilidade e a paz. Aos romanos São Paulo afiançava que esta virtude teologal não decepciona (Rm 5,5). Donde o seu conselho: “Sede diligentes ... alegrando-vos na esperança”(Rm 12,11-12). É esta a alegria da qual vemos Maria sempre possuída. Como mãe ela quer que possuamos tal tesouro em todo seu esplendor. Retenhamos também esta sua valiosa mensagem. Há, de fato, duas etapas em nossas vidas: a atual, que se passa por entre provas, tribulações, sofrimentos, e outra que esperamos e que viveremos na segurança total e na alegria completa sem fim, se formos fiéis a Deus como Maria. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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