AMAR O IRMÃO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Belíssimo a diretriz de São João: “Quem ama seu irmão permanece na luz” ( 1 Jo 2,10), Esta calcada no Mandamento Maior de Jesus: “Amai-vos uns aos outros” (Jo 15,12-17) .Tão profundo e de tal dimensão é este preceito que poderíamos passar a vida toda refletindo sobre ele e nunca o esgotaríamos. Aliás o amor é forte como a morte (Cant 8,6) e suas ondas sem limites se espraiam. Há sempre facetas novas a serem aprofundadas nesta busca contínua da prática integral da dileção mútua que é o sinal, o distintivo do verdadeiro epígono do Filho de Deus. Estamos no Terceiro Milênio e, mais do que nunca, cumpre viver intensamente o amor ao próximo. Entre tantos desvios que pairam no contexto atual e pesam na consciência evangélica está, sem dúvida o fenômeno da violência. Há um clamor de medo nos lábios da humanidade de hoje. Existe um susto e um clima de tensão poluindo as cidades mais do que o próprio ruído e a fumaça dos carros e fábricas. Jovens, gente madura, velhos e crianças sentem uma onda de insegurança e de medo. A morte por atropelamento nas ruas e nas estradas, os assaltos, as agressões físicas e morais, atos de vandalismo podem surgir a qualquer hora e para qualquer um. A violência, proclamam os cientistas sociais, é o fantasma deste início de século. Segundo Arthur J. Todd na sua consagrada obra Social Progress, a sociedade humana está enferma - The Human Society is sick (p.537). A violência, porém, se opõe frontalmente ao afeto mútuo pregado pelo Mestre divijno. Ela está por toda a parte e mesmo em nossas cristianíssimas cidades se faz presente. Basta que a cada semana se leiam os vários jornais das mais diferentes urbes para se deparar com crimes chocantes, atentados à vida sob as mais variadas formas. Numa escala muito maior, é o que se passa nas grandes Metrópoles do mundo. Dia 14 de janeiro de 1997, o jornal Estado de Minas (p.7) destacava: “Há hoje uma explosão de violência nunca vista a qual o Estado tem obrigação de conter”. Entretanto, o dever não é só do Estado, pois cada cidadão pode e deve influir para que haja total harmonia social. Trata-se da defesa da vida, o grande dom de Deus, do respeito aos direitos mais elementares do cidadão. Nota-se um embrutecimento das consciências. Muitos são os corações que já não reagem diante do cruel quadro da morte lenta ou violenta. Existe uma certa falta de sensibilidade moral e isto é um sintoma grave, porque é o império do não-amor. Cumpre se repita hoje mais do que nunca o lema e o tema da Campanha da Fraternidade de 1983: Fraternidade, sim; violência, não. Há vinte e sete anos a CNBB já diagnosticava este mal e alertava para suas conseqüências. Nunca é tarde para se lutar por uma sociedade na qual reine a paz, a ordem, a tranqüilidade na prática de um intenso amor aos irmãos.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
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