sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

JESUS E O DEMÕNIO

JESUS E O DEMÕNIO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Durante sua vida pública Jesus afastou inúmeras vezes o espírito maligno. Assim é que em Cafarnaum, nos diz São Marcos, “ele expulsou muitos demônios” (Mc 1,34). Deus não tirou a liberdade do diabo. Eis por que São Pedro deixou uma famosa advertência, dando ao mesmo tempo o meio para vencer satanás : “Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe firmes na fé. (1 Pd 5,8). A atuação dos anjos maus se dá através da solicitação para o mal. De maneira sorrateira ele sonda os seguidores de Jesus para ver por onde levá-los ao erro. São Paulo, porém, assegura: “Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados acima das vossas forças” (1 Cor 10,13). Ele permite o assédio do inimigo e São Tiago explica a razão:”Bem-aventurado aquele que suporta com paciência a provação, porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam” (Tg 1,12) . A tentação faz parte da perfeição e todos os grandes santos tiveram que a enfrentar, cada um ficando atento a seu defeito dominante. Assim que Santa Teresa de Ávila que era por demais vaidosa, a ela foi mostrado o lugar que ocuparia no inferno se ela cedesse às tais tentações. Ela, porém, sempre se refugiava junto de Jesus e, certa vez, envolta nas insinuações malévolas, depois de as rechaçar indagou a Cristo onde ele estava, quando ela lutava contra as tentações. Jesus lhe respondeu: “Estava dentro do teu coração para que não sucumbisses”. Santa Atanásio narra as dificuldades por que passou Santo Antão no deserto onde se refugiara para se ver livre do demônio, mas que lá longe do mundo terrivelmente o atormentava. Eis porque São Bento expôs os 73 instrumentos das boas obras, ou da arte espiritual, afirmando que, se forem postos em ação dia e noite, sem cessar, e devolvidos, no dia do juízo, seremos recompensados pelo Senhor com aquele prêmio que Ele mesmo prometeu:: “O que olhos não viram nem ouvidos ouviram preparou Deus para aqueles que lhe são fiéis”. Este santo aconselha então a que se esteja precavido para os destruir logo, atirando contra Cristo as más intenções que vêm ao coração, vigiando todos os atos da própria vida. Com efeito, todo relaxamento espiritual é porta aberta para o maligno. A vitória sobre a tentação deve ocorrer em diversas batalhas que se sucedem no cotidiano de cada um.Vencidas as insinuações diabólicas a alma se purifica pela ação da graça divina, exercita-se na paciência, liberta-se do apego desordenado às coisas passageiras deste mundo, humilha-se reconhecendo que só Deus é perfeito e santo. São Paulo deixou conselhos importantes: “Segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão. Combate o bom combate da fé. Toma posse da vida eterna para a qual também foste chamado e da qual fizestes profissão de fé, na presença de muitas testemunhas. (1 Tm6, 11-12). Aos Tessalonicenses este Apóstolo pôde afiançar: “O Senhor é fiel; ele vos confirmará e guardará do maligno” (2 Ts 3,3). Aos Efésios ele aconselhava: “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes permanecer firmes contra as ciladas do diabo” (Ef 6,10-11). Com toda razão, asseverou então São Tiago:”Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4,7). O próprio Cristo quis nos ensinar a vencer as tentações e isto o fez com tanto desapego, sendo elas tão naturais, e com tanta resolução, sendo tão fortes. Satanás ousou, de fato, tentar o Filho de Deus e foi completamente derrotado, deixando o Mestre Divino o caminho a ser seguido: oração, penitência e submissão completa a Deus. Por tudo isto a grande importância das preces dirigidas a Jesus, atribuídas a Santo Inácio de Loyola, ele que fora tão atordoado com as tentações contra a fé:” Dentro de vossas chagas escondei-me! Do mau inimigo defendei-me! Não permitais que eu me separe de Vós!”. Todo cuidado é pouco na luta contra o espírito das trevas. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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