PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
As leituras bíblicas do primeiro domingo do advento de 2009 deixam duas mensagens de suma importância para a preparação do Natal, abrindo perspectivas para outras reflexões atinentes a esta caminhada até o Presépio. Conforme proclamou o profeta Jeremias (33,14-16) e Jesus no Evangelho (Lc 21,25 e ss) fulge a salvação oferecida por Deus e daí a necessidade imperiosa de uma maneira diferente de viver, como bem acentuou São Paulo na sua carta aos Tessalonicenses (3,12-4,2). Aí está a verdadeira dimensão deste período litúrgico, pois se trata não apenas de se dispor os corações para a recepção de Cristo no dia de seu nascimento, mas também para a sua segunda vinda no final dos tempos. Tudo isto a mostrar que na história individual e universal há um fim o qual não é um término, mas uma finalidade dentro de uma lógica divina admirável. Quem é batizado se situa dentro de uma história cristã que começou com a vinda de Cristo e que terminará com sua segunda vinda. Cada cristão está, portanto localizado numa linha ascensional temporal que vai do nascimento de Cristo em Belém até à parusia, quando Ele voltará para julgar os vivos e os mortos. Além disto, cada um na sua história pessoal, no país em que nasceu, passa seus dias num determinado século, ou seja, seu tempo pessoal que vai do berço ao túmulo, isto é, seu passado, seu presente e seu futuro. Trata-se de um tempo linear, a saber, dias se seguindo a outros dias, anos a outros anos. Vive, porém, o homem também em tempos cíclicos que se renovam e se repetem. São três os principais: o cotidiano, o dia se revezando com a noite com a alternância misteriosa da atividade e do repouso; o hebdomadário, ou os dias da semana que se sucedem, tendo como centro o domingo, dia do Senhor; o anual com os meses que passam uns após outros com suas estações específicas e seus bimestres e trimestres. A liturgia acompanha estes três tempos, dado que o cristão começa e termina o seu dia com a invocação da proteção de Deus; ilumina sua semana com a Missa dominical e vive o ciclo anual que começa exatamente com o Advento e tem como ponto central a Páscoa do Senhor. No tempo litúrgico a figura principal é a de Jesus Cristo, o Salvador, o Regenerador de tudo, o caminho para o Pai. Surge então o grande ideal pregado pelo Apóstolo, ou seja, restaurar tudo em Cristo (Ef 1,10) que é tudo e deve estar em todos (Col 3,11). Tal o grande objetivo do Ano Litúrgico. No seu início cumpre, portanto, uma reflexão para saber se, de fato, nossos interesses são os interesses do Redentor numa consagração a Ele de todas as nossas forças, de toda a nossa vida. Esta atitude se torna tanto mais necessária quanto a comercialização do Natal tende a desviar a muitos do verdadeiro sentido que ocorreu em Belém. O próprio Cristo, entretanto, apresenta os meios para o encontro com Ele agora e no final da História: “Ficai atentos e orai a todo momento”. Cumpre, portanto, que o cristão tenha seu foco unicamente na sua salvação pessoal e na do próximo, intensificando o espírito de união com Deus, percebendo e usufruindo a alegria de sua presença e de sua ação em cada um. Jesus é o Emanuel, ou seja, o Deus conosco, o Deus que habita lá no íntimo do coração de seus fiéis. Tudo isto envolvendo cada um na esperança, numa experiência espiritual inefável, que explodirá no júbilo do dia 25 de dezembro, quando a Luz, que se revela às nações e dá glória a todo o povo, brilhará com mais intensidade ainda através da Liturgia que revive desta maneira os fatos da História da Salvação com grande magnitude. Durante o Advento cumpre afastar toda escuridão causada pelas infidelidades de cada hora, para que Cristo o possa iluminar inteiramente com o fogo do amor de Deus no dia de seu Natal e, depois, nas outras etapas da nova caminhada. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
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