terça-feira, 2 de junho de 2009

Pão vivo descido do céu

PÃO VIVO DESCIDO DO CÉU
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A multiplicação dos pães operada por Cristo (Jo 6, 1-15) é bem o símbolo da maravilhosa multiplicação do pão eucarístico. Jesus tomou cinco pães e dois peixes, elevou os olhos ao céu e os abençoou e os distribuiu à grande multidão que viera a ter com ele. Trata-se de um prodígio surpreendente que constitui como que o início de um longo processo histórico: a multiplicação sem cessar na Igreja do Pão de vida nova para os homens de todas as raças e de todas as culturas. Ministério sagrado confiado aos Apóstolos e a seus sucessores que, fiéis à ordem do Mestre não param de romper e distribuir o Pão eucarístico de geração em geração. O Povo de Deus o recebe com uma participação devotada. Deste Pão de Vida, medicina da imortalidade, se alimentaram milhares de santos e de mártires, nele encontrando a força para resistir igualmente às duras e longas tribulações. São todos aqueles que acreditaram nas palavras que Jesus pronunciou um dia em Cafarnaum: “Eu sou o pão vivo que desci do céu. Quem come deste pão viverá para sempre e o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo.” (Jo 6,51). Sublime mistério de nossa salvação! Cristo, o único Senhor, hoje e para sempre, quis ligar sua presença salvífica no mundo e na história ao sacramento da Eucaristia. Quis se tornar o pão rompido para que cada um de seus epígonos se nutrissem pela participação no Sacramento de seu Corpo e seu Sangue. Como aqueles que escutaram estupefatos o discurso de Jesus em Cafarnaum muitos acham que é difícil acreditar neste mistério eucarístico (Jo 6,6). Quantos dão uma interpretação errônea às palavras do Mestre divino e se afastam dele, dizendo: “É dura esta linguagem, quem pode escutá~la?” (Jo 6, 60. 66) Aos bispos de Quebec que foram a Roma para a visita ad limina, Bento XVI enfocou admiravelmente este aspecto, sobretudo porque se vive numa sociedade marcada pelo pluralismo, o subjetivismo e o secularismo crescente. Cumpre, dizia o Papa, uma renovação do sentido e da prática eucarística. A Eucaristia sempre vista como “dom de Deus para a vida do mundo”. Os fiéis, lembrava o Pontífice, devem estar convencidos do caráter vital da participação fiel nas assembléias eucarísticas, para que haja o crescimento da fé. Isto se dá porque a Eucaristia une e conforma o cristão ao Filho de Deus. A Igreja se consolida na sua unidade através deste Sacramento. Lembrou o ensinamento de João Paulo II: “Recebendo o Pão da vida, os discípulos de Cristo se dispõem a realizar, com a força do Ressuscitado e de seu Espírito, as tarefas que devem cumprir na sua vida de cada dia” (Dies Domini, n.45). Além disto, é preciso acentuar que a Igreja vive da Eucaristia, porque ela nasceu do mistério pascal e está, deste modo, no centro da vida eclesial. Esta dimensão nunca pode ser olvidada. Sacrifício, presença real e comunhão são três aspectos basilares deste Sacramento. O sacrifício entendido como a renovação incruenta do Sacrifício do Gólgota, memória de sua Paixão salvadora e de sua Ressurreição gloriosa. A presença real está intimamente ligada à Ressurreição do Senhor que está vivo na Eucaristia e se faz o pão da vida.(Jo 6,35. 48). A comunhão é a participação no banquete que é o dom do Espírito Santo, penhor da ressurreição final e antecipação escatológica da vida eterna. Tal é a doutrina que se encontra na Encíclica de João Paulo II sobre a Eucaristia. A recepção do Corpo de Cristo supõe que o fiel esteja na graça santificante e comungar em estado de pecado mortal é um gravíssimo sacrilégio, dado que é a profanação do Mistério do Amor de Cristo. Atitude interior de devoção que deve se manifestar exteriormente pelo modo como cada um se aproxima deste Sacramento. Isto se patenteia ainda nas diversas manifestações de piedade como as Horas Santas, as Visitas ao Santíssimo Sacramento, práticas estas que remontam a priscas eras e que mostram como os batizados têm procurado corresponder à dileção de Jesus que se fez contemporâneo de todas as gerações, morando entre os homens. Nem se poderia deixar de ressaltar que a multiplicação dos pães lembra que não se deve nunca se esquecer daqueles que necessitam do pão material para seu sustento. Além disto, muitos grãos,mas um só pão. Assim os cristãos são muitos, mas todos unidos no Corpo Místico a Jesus Cristo e aos irmãos. * Professor no Seminário de Mariana -MG

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