quinta-feira, 16 de abril de 2009

Influência de Maria na vida da Igreja

INFLUÊNCIA DE MARIA NA VIDA DA IGREJA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Notável a influência decisiva da Virgem Maria na vida da Igreja. É que ela comunica imensa riqueza espiritual a cada fiel através de seu exemplo e de sua intercessão. A personalidade de Maria oferece a seu devoto indicações claras, precisas, preciosas para acolher e realizar a própria vocação. Maria precedeu-nos no caminho da fé. Ao crer na mensagem do anjo Gabriel, ela é a primeira a acolher, de modo perfeito, o mistério da Encarnação.
O seu itinerário de crente inicia ainda antes do princípio da maternidade divina e desenvolve-se e aprofunda-se durante a sua experiência terrestre. É audaz a sua fé, que na Anunciação crê no humanamente impossível e em Caná impele Jesus a realizar o primeiro milagre, provocando a manifestação dos seus poderes messiânicos.
Deste modo, Maria educa a todos nós para vivermos intensamente a fé como caminho empenhativo e envolvente que, sempre e em todas as situações requer audácia e perseverança constante.Esta fé admirável da Mãe de Jesus está ligada a sua docilidade à vontade divina. Crendo na Palavra de Deus, pôde acolhê-la plenamente na sua existência e, mostrando-se disponível ao soberano desígnio de Deus, aceitou tudo o que lhe era requerido do Alto.
A presença dela na Igreja encoraja os cristãos a porem-se cada dia à escuta da Palavra do Senhor, para compreeenderem o seu plano de amor nas diversas vicissitudes quotidianas, cooperando com fidelidade para a sua realização. Assim sendo ela educa ainda a comunidade dos cristãos para olhar rumo ao futuro. Não um porvir incerto, mas o que há de mais seguro na existência de cada um: a chegada um dia junto dela lá na Jerusalém celeste. Isto leva a um total entrega nas mãos de Deus. Atitude esta firmada na experiência pessoal da Virgem Santa que deste modo infunde em cada um de nós a esperança mais fagueira. Motivações sempre novas fazem crescer esta virtude teologal no coração dos crentes. Desde a Anunciação, Maria concentra no Filho de Deus, encarnado no seu seio virginal, as expectativas do antigo Israel. A sua esperança revigora-se nas fases sucessivas da vida oculta de Nazaré e do ministério público de Jesus.
A sua irremovível crença na palavra de Cristo, que tinha anunciado a sua gloriosa ressurreição ao terceiro dia, não a deixou vacilar um instante sequer, nem mesmo diante do drama da Cruz. Ela conservou a esperança no cumprimento da obra messiânica, esperando sem hesitações, depois das trevas da Sexta-feira Santa, a manhã da ressurreição.
No seu difícil caminhar na história entre o “já” da salvação recebida e o “não ainda” da sua plena realização, a comunidade dos crentes sabe que pode contar com o auxílio eficaz da “Mãe da Esperança” que, tendo experimentado a vitória de Cristo sobre as potências da morte neste dia de sua Ressurreição, comunica a cada um de seus devotos uma capacidade sempre renovada um potencial de espera do futuro de Deus e de abandono às promessas do Senhor.
O exemplo de Maria faz ainda com que toda a Igreja aprecie melhor o valor do silêncio. O silêncio de Maria não é só sobriedade no falar, mas sobretudo capacidade sapiencial de fazer memória e de acolher num olhar de fé o mistério do Verbo feito homem e os eventos desta existência terrena, sobretudo esta sua vitória sobre a morte. É este silêncio-acolhimento da Palavra, esta capacidade de meditar no mistério de Cristo Ressuscitado que Maria transmite ao povo crente. Em um mundo cheio de confusão e de mensagens de todo o gênero, nesta poluição visual e mental o seu testemunho faz apreciar um silêncio espiritualmente rico e promete o espírito contemplativo.
* Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.

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