quinta-feira, 5 de março de 2009

A PATERNIDADE DIVINA

A PATERNIDADE DIVINA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O início da oração que Jesus ensinou aos Apóstolos remete à paternidade divina: “Pai nosso que estais no céu”. De plano que grande consolação: poder chamar a Deus de Pai. Aí se sintetiza todo plano salvífico de Deus que teve comiseração de seus filhos. Esta filiação procede do fato de que ele nos criou por amor. É esta dileção que o cristão deve refletir por toda parte à luz das palavras de Jesus: “Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos” (Mt 5,44). Esta diretriz de Cristo contém inclusive a alusão à maneira de agir do Ser Supremo a espalhar o bem por todos sem distinção. O bem por excelência a ser solicitado é o Espírito Santo como esclarece São Lucas: “ O Pai celeste dará o Espírito Santo aos que O pedem” (Lc 11,13). O caminho para o Pai é Jesus que afirmou: “Aquele que me viu, viu o Pai (Jo 14,8-9). Eis por que o início da oração ensinada por Jesus engloba a Trindade Santa. Assim se dá uma anábase e uma katábase, ou seja, este Deus que é Pai está nos céus e desceu até nós na pessoa do Filho e então o céu se projeta na terra e pela prece subimos até lá. Não temos aqui morada durável dirá o Apóstolo Paulo, mas buscamos a vindoura: “Não temos aqui cidade permanente, mas vamos em busca da futura” (Hb 13,14). Aliás, Cristo declarou: "Na casa de meu Pai há muitas moradas" (Jo 14,2). Para isto tal a diretriz do Mestre divino:"Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus" (Mt 5,16). Na verdade, a busca da perfeição se baseia na santidade paterna: "Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48). Cumpre uma confiança absoluta neste Pai: "Vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais" (Mt 6,8) [...] "Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais que elas?"(Mt 6,26). Cristo, porém, alertou "Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus" (Mt 7,21) e eis porque ele adicionou esta prece à oração dirigida ao Pai: “Seja feita a vossa vontade”. Todas estas reflexões devem tirar o cristãos da amnésia em que muitos vivem por se esquecerem que foram criados à imagem e semelhança de Deus que é Pai. Isto é parte integrante de nosso ser. Esquecidos de tal dignidade muitos se deixam levar por pensamentos negativos e não se iluminam com esta verdade maravilhosa. Por isto não se agradece ao Pai celeste a saúde, a paz, a harmonia, o dom de viver. Apenas assim pode o cristão se tornar um canal dos dons paternos para os outros. Cumpre deixar o Pai agir na própria vida Em tudo o que cada um fizer, seja sempre humilde, guardando zelosamente a pureza de seu coração e a pureza de seu corpo. É preciso que cada um, porém, de lembre que a misericórdia de Deus é sempre maior que a ingratidão humana. Entretanto, como filho de Deus é necessário a misericórdia de Deus será sempre maior que a tua ingratidão. É preciso, porém, ser humilde e guardar zelosamente a consciência limpa diante da santidade deste Pai amoroso, reavivando a cada instante a esperança nele sobretudo na hora das provações. Com efeito, tudo o que vem de Deus deixa a alma tranqüila mesmo diante de aflições e contradições. Deus é nosso Pai. O que se pode temer tendo um Pai como este? É preciso, contudo, calar e ter silêncio ao seu redor para poder ouvir a voz deste Pai. Quem combate dirigindo seu olhar a Deus cantará triunfo. Por tudo isto, as demais preces do Pai Nosso devem ser proferidas com piedade para Seu nome seja santificado, para que Seu reino venha a nós e Sua vontade seja em tudo realizada! * Professor no Seminário de Mariana de 1964 a 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário