quinta-feira, 19 de março de 2009

É impossível destruir os méritos dos grandes homens

É IMPOSSÍVEL DESTRUIR O MÉRITO DOS GRANDES HOMENS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Não se pode fazer um perfeito julgamento histórico a não ser passados anos com a perspectiva que o tempo proporciona, julgar sem paixão é a vantagem daqueles que, em outro contexto, podem pesar as ações e melhor aquilatar o alcance de medidas adotadas. Então é mais viável livrar-se de tudo aquilo que pode deformar uma visão global.
O historiador, porém, é obrigado a exaltar sobretudo aqueles que, alvo de incompreensão de seus contemporâneos, fazem brilhar, pelo seu indestrutível valor, seu mérito captando a admiração dos pósteros.
É o que se deu com Arthur da Silva Bernardes.
Se compulsarmos documentos da época em que era a figura decisiva dos magnos acontecimentos da história pátria, constatamos que, a exemplo do que sucedeu com tantos varões conspícuos, foi alvo de acirrados combates.
Amarílio Júnior, em 1931, afirmou: “Um dos homens mais combatidos destes últimos tempos tem sido indiscutivelmente o Sr. Arthur da Silva Bernardes”.
É que alguns jornais se prestaram à inditosa campanha contra aquele a quem tanto devia a pátria e, naquela mesma época, era o lidador, sem tréguas, a serviço da salvaguarda de um povo em perigo.
Admirável o exemplo deixado pelo notável estadista. Colocou-se altaneiro acima de todos os soezes ataques, porque inverídicos.
Sabia com Shakespeare que “a própria virtude não pode livrar-se dos botes da calúnia”. Sua atitude foi voltaireana, não dando nenhum valor aos maldizentes. Como Bryce não ignorava que os caluniadores são efêmeros transeuntes que se anulam e se destroem, ao passo que as idéias mestras, quanto mais se radicam nas consciências coletivas, a refletir as suas ânsias e necessidades, desafiam a ação do tempo, com o vigor indestrutível de seus alicerces.
Muitos daqueles que, impensadamente, se ergueram contra o grande líder nacional, se retrataram, ainda no borbulhar dos acontecimentos. Arthur Bernardes dava uma sábia interpretação ao dito de George Sand: “A calúnia e a injúria são armas dignas do homem ignorante”, isto é, daquele que, não sabendo os verdadeiros motivos que conduziram a determinadas ações, fazem um julgamento apressado, errôneo e distorcido.
Um daqueles que retratam seu juízo foi José Eduardo Macedo Soares. Combateu ferozmente Arthur Bernardes no Jornal “O Imparcial”19, contradizendo o próprio nome do jornal.
No entanto, referindo-se, no dia 28 de novembro de 1930, ao movimento revolucionário, teve estas palavras em outro órgão da imprensa, o “Diário Carioca”: “O Sr. Antônio Carlos foi o semeador da idéia, mas quem a fez medrar ao calor de sua pertinácia, quem respondeu pelo êxito com raro desassombro, quem fez literalmente a revolução, impondo-se como um grande chefe, foi, indubitavelmente, o Sr. Arthur Bernardes”.
Assim procederam inúmeros outros que, melhor informados, vieram publicamente reconhecer o equívoco em que laboravam, analisando precipitadamente as atitudes daquele que só mirava o bem público.
* Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008

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