quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Filosofia do sorriso

FILOSOFIA DO SORRISO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O constitutivo formal da pessoa humana é ser ela uma subsistência espiritual no corpo. Matéria e espírito constituem suas raízes ontológicas.
Assim, como um espírito que enforma um corpo, a pessoa segue as condições da substância material e esta não pode ser desprezada.
Tal foi o erro de Platão que considerava o soma como prisão da alma, túmulo do espírito.
Equivocou-se também Aristóteles que julgava o homem como mero membro da espécie humana, portanto não tendo valor individual.
Pior a postura de Plotino que, segundo Porfírio, “tinha o aspecto de alguém que se envergonha de estar em um corpo”.
Na filosofia cristã o homem todo é obra de Deus e esta filosofia promoveu o ser racional inteiro a pessoa, valorizando todas as atividades psicossomáticas deste ser admirável. Ora, no homem o corpo é o sinal, o instrumento privilegiado do espírito. Esta missão leva, sob prisma inteiramente transcendental, ao cuidado para com o soma a ponto de se poder dizer que a beleza física, tomada aqui como equilíbrio orgânico, é um reflexo da eutimia interior.
Entre as partes mais significativas do corpo humano todo o conjunto bucal é das mais preeminentes. Isto só para a boa saúde geral, como para a estética, enquanto representação da harmonia global deste microcosmos.
Esta harmonia se manifesta, sobretudo, pelo sorriso.
O animal irracional não ri. O anjo também não, porque seu conhecimento é intuitivo e não racional.
Apenas o homem é capaz de contrair músculos faciais em conseqüência de uma impressão alegre consciente, dado que ele raciocina e é capaz de tirar conclusões. O sorriso flui, assim, da própria, natureza humana.
O homem é então um animal racional e até risível, pois dele também se ri.
Entretanto, esta manifestação tão profundamente humana para ser agradável deve ser bela.
Santo Tomás de Aquino define o belo como aquilo que agrada à vista - quae visa placent, portanto tem como ponto inicial a vivência da beleza.
Alberto Magno assinalou o fundamento desta vivência, a saber, o resplendor da forma – splendor formae.
Donde se conclui, de fato, que no homem e na mulher o riso só agrada se for belo.
Assim sendo, a constituição dentária é de vital importância.
A Mona Lisa, a Gioconda de Leonardo da Vinci, por não possuir odontologista só pôde ser representada com aquele sorriso enigmático, lábios fechados. Do contrário a obra do renomado artista ficaria irremediavelmente feia, desfigurada, pois à fealdade se responde instintivamente com um movimento de repulsa no que tange ao rosto humano do ponto de vista fisiológico.
Hoje a odontécnica com suas várias especialidades permite ao ser racional um sorriso descontraído, bonito, fascinante, tanto mais que a beleza tem um caráter sugestivo e o entusiasmo suscitado por ela até enfeitiça o homem que lhe sacrifica tudo.
Nesta linha de raciocínio lugar de destaque possui a ortodontia com ação preventiva e corretiva desde a mais tenra idade.
A filosofia do sorriso leva também, portanto, à valorização da bela profissão do dentista.
* Professor no Seminário de Mariana (MG) de 1967 a 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário