quarta-feira, 1 de julho de 2015

O PRECIOSÍSSIMO SANGUE DE CRISTO

O PRECIOSÍSSIMO SANGUE DE CRISTO Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* O mês de julho é consagrado ao preciosíssimo Sangue de Cristo e oferece oportunidade para profundas reflexões sobre esta moeda de valor infinito com que o Redentor saldou a dívida infinita da criatura para com o seu Criador (1 Pd 1,18). O Sangue do Mártir do Gólgota é de uma dignidade, de um valor e de uma eficácia infinitos. Nos altares da humanidade imolações foram feitas, mas somente no Altar da Cruz houve a plena regeneração do gênero humano. Diz a Carta aos Hebreus: “Se o sangue dos bodes e dos touros, e a cinza de uma novilha aspergindo os impuros os santifica quanto à pureza da carne, quanto mais o sangue de Cristo que pelo Espírito Santo se ofereceu a si mesmo sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência das obras da morte para servir a Deus vivo?” (Hb 9, 18 ss) Este sangue foi formado da mais pura das virgens, nunca manchado pelo hálito do pecado e santificado pela união íntima com a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja, por tudo isto, o tem na mais total estima (Hb 10,29). Vale mais que o mundo inteiro, vale todo o céu. Todo nosso destino de redimidos está inseparavelmente ligado a ele. Através da Eucaristia ele circula na vida dos cristãos, purificando-os, inebriando-os, santificando-os a cada Comunhão. A virtude dos Sacramentos brota do poder de sua eficácia. Derramar o seu sangue foi da parte de Cristo um ato decisivo no que tange a salvação dos homens, os quais se salvariam não por seus próprios méritos, mas pelos merecimentos de um sacrifício divino. É bem verdade que cada um deve se dispor a receber os frutos do Calvário, segundo os dizeres de Santo Agostinho: “Aquele que te criou sem ti, não te salvará sem ti” (S.Augustinus, Super Ioannem, - Sermão 169, 13 - PL38, 923). Acrescenta o Bispo de Hipona: “O sangue de Cristo é salvação para quem o valoriza, perdição para quem o despreza”. (In Sl 22,6). Cumpre valorizar o sangue de Jesus pelas boas obras, pela observância dos Mandamentos divinos, condição sem a qual inútil se torna tanto sofrer de Jesus. Aquele, porém, que dar valor a tal padecimento sente a renovação total de seu ser, então inebriado pelo sangue que regenera e transforma o pecador numa nova criatura. Este sangue é uma bebida de amor, preparada com dileção imensa, comunicada com afeto sem par. Prensada pela dor mais pungente, é bebida confortadora, que é fonte de fortaleza, de coragem. É preciso amar e adorar este sangue divino, penhor de vida eterna. Diz, com efeito, o Apocalipse que Cristo se apresentando: “ com o próprio sangue, entrou uma só vez para sempre no Santuário do céu, havendo obtido uma eterna redenção da linhagem humana” (Hb 9,12). É que este sangue fala mais alto que o de Abel (Hb 12,24). Ele foi derramado no dia da Circuncisão (Lc 2,21) e, depois, desde o Gethsemani (Lc 22,44) até após a morte do Salvador, quando um soldado lhe abriu o lado donde correram sangue e água (Jo 19,34). São, realmente, “felizes os que lavam suas vestimentas no sangue do Cordeiro” (Apoc 22,14). Este sangue que é mais rubro que os rubis, alveja a alma tornando-a mais branca do que a neve. Ele é o pára-raios diante de tantos crimes cometidos mundo todo. A multidão enlouquecida pediu que este sangue caísse sobre ela (Mt 27,25), mas através dos tempos os cristãos rezariam contritos: “Sangue de Cristo, inebriai-nos”, isto é, enlevai-nos nas delícias da comiseração divina. A Santa Teresa Jesus assim falou: “Filha, eu quero que meu sangue te aproveite e não tenhas medo que te falte minha misericórdia. Eu o derramei com muitas dores para que tivesses o deleite de minha dileção”. Muitos artistas compreenderam o mistério do sangue de Cristo e, sangrando, O retrataram na Cruz. O Sangue de Cristo é um apelo a corresponder com muito empenho a tanto amor com que Jesus o derramou. É um clamor para que cada batizado procure ser santo, para conseguir a própria salvação, jamais depreciando o preço desta redenção* Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.

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