SOBRE AS ONDAS DE PROTESTOS

SOBRE A ONDA DE PROTESTOS Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho, da Academia Mineira de Letras A onda de protestos que invade, novamente, o país vem sendo analisada pelos cientistas sociais, todos de acordo em afirmar que não se trata apenas de um protesto contra a corrupção. O que, além disto, aflige os brasileiros é a perda de poder aquisitivo com a volta da inflação e a incapacidade do Estado de apresentar soluções concretas para a crise nas áreas vitais de saúde, educação, segurança e transportes. Irrita o cidadão brasileiro o gasto astronômico do Governo que não aplica com sabedoria o que arrecada. Na verdade, sufocado anda, há muito tempo, o cidadão neste país, pagando impostos escorchantes. O que vê, porém, por outro lado, é a multiplicação de crimes nefandos por toda parte. Escolas mal aparelhadas, hospitais à míngua, trânsito caótico é o que sente na pele o brasileiro e não os acomodados políticos de Brasília. Trata-se de dar agora um basta ao engodo, à exploração, à inversão de valores. Em que mundo estamos? É em tudo isto que se deve pensar diante da movimentação geral que ocorreu no histórico dia 15 de março. Como o mau exemplo vem de muitos políticos está na hora de uma transformação geral. O povo deve se dispor a colocar no poder pessoas honestas, sensatas e que visem realmente o bem estar geral da nação. O culto aos verdadeiros valores, uma melhor distribuição da riqueza, um interesse real pelas necessidades básicas da população é o que no fundo deseja cada habitante desta gloriosa pátria, infelizmente tão dilapidada. A esperança é a última que morre e que cada um então aspire dias melhores para todos os brasileiros com administradores mais competentes e menos demagogos. Pedir paciência aos patrícios é fácil, o difícil é aptidão para que dias mais luminosos raiem no conturbado horizonte que a situação econômica criou. Os panelaços significam que o cidadão não está disposto a escutar lorotas. Bastam as promessas eleitoreiras que não se cumpriram. O Governo tenta desviar o foco dos protestos, mas suas falácias irritam ainda mais a população. O bolso de cada um fala mais alto do que as impertinências de alguns políticos que tentam tampar o sol com a peneira. Diz o ditado: “É possível enganar alguns algum tempo, mas é impossível enganar a todos o tempo todo”. A verdade é que os ministros atuais não têm carisma, nem imaginação, sem falar no essencial que é a capacidade administrativa. Um desastre! Tudo isto mostra que a reeleição é um mal e na reforma política, prometida e nunca cumprida, deveria ser abolida. Chega de enganação! Precisamos de líderes nos quais o povo possa confiar! É preciso, sim, um clamor popular de âmbito nacional que nada possa sufocar. Que as Olimpíadas do Rio de Janeiro não sejam manipuladas, desviando o foco dos verdadeiros problemas nacionais, como aconteceu com a Copa do Mundo!