sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E DOS CRISTÃOS

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E DOS CRISTÃOS Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* No símbolo niceno-constantinopolitano está bem sintetizada a profissão de fé na vitória de Cristo sobre a morte: “Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras”. Após este fato inegável todos que nele cressem veriam a própria morte como uma passagem para a Vida eterna venturosa junto de Deus. Segundo projeto admirável do Criador, no fim dos tempos, haverá a ressurreição dos mortos. Esta verdade a filosofia não prova, mas a razão humana aceita como uma realidade plausível.. De falto, a alma separada do corpo não é uma pessoa humana, pois esta é um corpo enformado pela alma e uma alma que enforma um corpo, Aí está o fundamento ontológico. do homem. São Paulo falou claramente sobre as qualidades do corpo ressuscitado: “Semeia-se corruptível, ressuscita incorruptível. Semeia-se desprezível, ressuscita glorioso; semeia-se- na fraqueza, ressuscita cheio de força; semeia-se corpo animal, ressuscita corpo espiritual“ (1 Cor 15 42-44). A ressurreição que todos os homens conhecerão no fim dos tempos é uma ressurreição dos corpos que será a entrada na vida eterna da pessoa humana. Como explicou Michel Fattal, esta ressurreição não é nem o retorno à vida do corpo biológico que se acaba em pó, nem a reanimação de um cadáver como aconteceu com Lázaro, nem o retorno ao Jesus histórico de Nazareth. Não se trata de uma transposição do corpo terrestre para o outro lado da vida. A ressurreição inaugura uma realidade nova que não está limitada pelo tempo e pelo espaço, mas que pertence daí por diante a uma esfera gloriosa e eterna própria do mesmo Deus. Este cria um novo corpo. Este não é mais um corpo de miséria, mortal, carne frágil da humanidade marcada pelo pecado, mas é um “corpo espiritual” como bem se expressou São Paulo. Corpo de luz, designando o reino e a luminosidade divina. Passagem do corpo antigo ao corpo renovado. Substituição do homem velho pelo homem novo, do homem terrestre pelo homem celeste, do homem mortal e frágil pelo homem imortal e incorruptível que se desvestiu e que depôs sua primitiva vestimenta, supondo isto uma transmutação completa do homem biológico. Dá-se uma transfiguração em termos espirituais da dimensão fisiológica, terrestre e mortal do homem que entra então na esfera da eternidade divina. Esta transfiguração espiritual que faz surgir um homem novo, rompendo com o homem velho, com o homem pecador descendente de Adão. Esta transfiguração deve ser vista também assim no nível cósmico, isto é ao nível da criação como a relata a Bíblia no livro do Gênesis. Segundo São Paulo, Adão simboliza o ser biológico dotado de vida mortal, sendo que o último Adão, ou seja, Cristo, simboliza o ser espiritual da vida eterna (1 Cor 15, 45-48) Cristo Ressuscitado inaugurou uma nova criação no sentido espiritual, libertando o homem e a criação do pecado e da morte eterna. Se o velho homem destinado a morrer em Adão e a de retornar ao pó, o homem novo ressuscitado em Cristo reviverá eternamente nele. Assim o corpo glorificado e luminoso deste novo homem restaurado em Cristo, ressuscitado por Ele se insere no plano divino de um total e completamente diferente rompimento com a primeira criação que se sujeitou ao pecado. Em Cristo tudo ficou restaurado numa salvação completa daquele que foi criado à imagem e semelhança de Deus. Sem dúvida admirável o projeto soteriológico que tem um alcance sublime profundamente antropológico, pois na ressurreição dos corpos, como foi dito, a pessoa humana entrará na glória eterna. Eis aí a esperança que invade o cristão já nesta terra na caminhada para a total beatitude na visão beatífica. Na ressurreição final um corpo espiritual unido novamente à alma, também ele participante da vida divina numa felicidade eterna. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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