segunda-feira, 22 de setembro de 2014

COMO E PORQUE DIFERENCIAR HUMANOS E ANIMAIS

COMO E PORQUE DIFERENCIAR HUMANOS E ANIMAIS Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* Em primeiro lugar, cumpre se tenha a noção de vida que é um movimento imanente, oriundo do próprio sujeito, não é uma energia vinda de fora. Uma pedra, por exemplo, é lançada através de uma força externa à mesma. Há três graus de vida: vegetativa, sensitiva e intelectual. As plantas têm vida vegetativa, os animais irracionais têm vida vegetativa e sensitiva. Os seres racionais possuem vida vegetativa, sensitiva e intelectual. A alma humana é intrinsecamente independente da matéria e aí esta a diferença profunda entre os seres humanos e as plantas e os animais irracionais. Neles a alma é dependente intrinsecamente da matéria e sem ela não pode viver. Nos entes racionais, como o homem, a alma, por si, é intrinsecamente independente da matéria, isto é, do corpo. É uma alma espiritual, imortal . A espiritualidade da alma humana se prova pelas operações da inteligência. Esta possui conceitos imateriais, livres da matéria. Além disto, a alma humana é espiritual como mostram as operações da vontade. Só uma faculdade espiritual pode tender para algo inteiramente imaterial como a virtude, o bem, a ciência, a justiça. Nunca se verá jamais um ser irracional voltado para dados científicos ou para os valores. Adite-se que o ser humano deseja coisas que são contrarias ao corpo e isto mostra que o homem não age meramente pelo instinto e pelo apetite sensitivo, mas pela vontade. O ser humano é dotado de liberdade. Do homem se fala em educação; dos animais, em domesticação. Adite-se que a alma humana é uma substância simples, espiritual, a qual, uma vez separada do corpo, continua a existir. Tudo isto pode ser provado pela Filosofia, a qual mostra inclusive a conveniência da ressurreição, pois a alma separada do corpo não é pessoa humana que é uma alma que enforma um corpo. Entretanto, a ressurreição final dos seres humanos é claramente exposta na Bíblia. Nela não se fala na ressurreição dos animais e aí vai mais uma diferença enorme. A ressurreição dos mortos está clara nas palavras de Cristo: “Porque é esta a vontade de meu Pai que todo aquele que conhece o Filho e crê nele tenha a vida eterna, e eu ressuscitá-lo-ei no último dia” (Jo 6,40). Como isto se dará? O fio de Ariadne foi dado por São Paulo na Carta aos Coríntios (1 Cor 15,42-45). O Apóstolo aponta as quatro qualidades dos corpos gloriosos: incorruptibilidade e, portanto, imortalidade; claridade ou beleza resplandecente; agilidade ou força, e espiritualidade. Diz Ele: “Semeia-se corruptível, ressuscita incorruptível. Semeia-se desprezível, ressuscita glorioso. Semeia-se na fraqueza, ressuscita cheio de força. Semeia-se corpo animal, ressuscita corpo espiritual”. O corpo espiritual, embora sendo verdadeiro, está sujeito ao espírito e é livre das leis da matéria. A teologia ensina que, além da felicidade essencial, provinda da visão beatífica, existe ainda no céu a glória secundária ou acidental, advinda dos mistérios da fé professada na terra pelos eleitos, e de todas as maravilhas da obra criada por Deus. No dizer de D. Cirilo Folch Gomes, “a vida eterna será ao mesmo tempo o êxtase e a existência comunitária com Cristo, com Maria, com os Apóstolos e todos os concidadãos dos Santos. Êxtase de Deus e perfeita vida fraternal”. Santo Tomás assim se expressou sobre esta realidade: “Consiste ainda na suave companhia de todos os santos; sociedade agradável a mais não poder, porque cada um terá, em companhia todos os bem-aventurados, todos os bens. Um amará o outro como a si mesmo, então se alegrará com o bem do outro como se fosse próprio. O que terá por resultado que crescerá a alegria e o gáudio de um na medida do gáudio de todos”. A glória do céu será proporcionada aos méritos de cada um. São Paulo asseverou: “Uma é a claridade do sol, e outra a claridade da lua e outra a claridade das estrelas. E ainda há diferença de estrela para estrela na claridade. Assim se dá também ao ressuscitarem os corpos dos mortos”. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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