segunda-feira, 13 de junho de 2011

Receber o Espírito Santo

RECEBER O ESPÍRITO SANTO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Aos discípulos que estavam reunidos após a Ressurreição, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde eles se achavam, Jesus entrou e, entre suas mensagens, depois de soprar sobre eles lhes disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20, 22). No dia de Pentecostes, solenemente, veio sobre eles a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade que eles acolheram num acontecimento repleto de aspectos milagrosos: vento impetuoso, línguas de fogo, discursos em línguas estrangeiras. Começou assim a verdadeira História da Igreja de Cristo. Com a vinda do divino Espírito Santo esta Igreja foi solene e corajosamente proclamada pelos Apóstolos como o novo Reino Messiânico, independente da sinagoga e sustentada por este “Espírito da verdade “ que a assistiria em todos os tempos. Admirável a atuação do Santo Espírito que veio se instalar nos corações dos fiéis, mostrando quem é Jesus e o significado de tudo que Ele ensinou. Foi o que predissera o próprio Cristo: “Quando vier o Paráclito que eu vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da Verdade que procede do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15,26). No batismo o cristão morre com Cristo e ressuscita com Ele para uma vida nova. Pela unção do Espírito Santo na crisma participa ainda mais da vida mesma de Deus. Cumpre, porém, orar para que Deus, sem interrupção, dê a todos os sete dons, dádivas maravilhosas, que não são resultado dos esforços humanos, não são uma recompensa que se mereça, mas dons gratuitos do doador de todas as graças. Para receber o Espírito Santo é preciso, contudo, invocá-lo sempre, dado que Ele é a resposta de todas as preces, a esperança concretizada de todos os desejos. A misericórdia divina é percebida então em toda sua plenitude, envolvendo o cristão na alegria perfeita e no amor total. É por meio do Espírito Santo que a luz do conhecimento do Evangelho se torna a história da vida de cada discípulo de Jesus, numa relação pessoal sublime com o Redentor. O Espírito Santo ilumina o caminho do cristão, esclarece sua existência e torna luminosa a presença de Deus na sua alma. Fortalecido, o batizado vence todos os percalços da vida, olhos fixos na beatitude eterna onde o Pai o aguarda pela eficácia da salvação do Filho e pela ação santificadora do Espírito Santo. Este comunica aquela força que permite fazer face a tudo que na vida significa luta para viver integralmente os Mandamentos. É o Consolador que transmite coragem, incute ânimo, afasta a tristeza e impede que se depreciem as qualidades com que cada um foi mimoseado ao vir a este mundo. Ele sana as insuficiências e cura as feridas da caminhada por este exílio. Mister se faz, porém, praticar a experiência desta fortaleza no cotidiano da existência. Não basta encontrar o Espírito Santo, pois há necessidade de se deixar conduzir por Aquele que transforma os fracos em fortes, os deprimidos em resolutos, num apelo pela coragem nos embates de cada hora. Aqueles seguidores de Jesus que estavam com medo dos judeus, recebido o Espírito Santo, com santa audácia passaram a pregar o Evangelho. Quando os chefes, os anciãos e os escribas chamaram Pedro e João e “intimaram-nos, terminantemente, a não falarem ou ensinarem em nome de Jesus”, eles destemidamente responderam: “Nós não podemos deixar de falar daquilo que vimos e ouvimos” (Atos 4, 18.20). Tratava-se de proclamar as maravilhas de Deus, demonstrando uma fé profunda sem os temores humanos, ou seja, os medos de cada instante, as fadigas, os desalentos, as consternações, as fobias, enfim todos os aspectos reveladores de ansiedade ou aflição. O Espírito Santo ensina como conviver com a finitude da condição humana, impedindo a ausência de luminosos horizontes, na renúncia a todo tipo de pessimismo que é esta mórbida disposição de espírito que leva o indivíduo a encarar tudo pelo lado negativo, a esperar de tudo o pior. O contexto atual, a cultura hodierna estão exigindo que mais do que nunca haja pessoas iluminadas que com este entusiasmo infundido pelo Espírito Santo proclamem as grandezas de Deus com o coração inundado na alegria que jorra do interior de quem vive em função das luzes e inspirações do dia de Pentecostes. Então muitos descrentes entenderão que Jesus é o Salvador que inscreveu a esperança naqueles que Ele remiu. Deste modo, palavras e atos testemunharão por toda parte como é venturoso quem está unido a Deus. O Espírito Santo desceu sobre os discípulos reunidos em línguas de fogo e lhes deu um novo ardor para difundir o Evangelho. Foi o que predissera Jesus: “Eu vim lançar um fogo na terra” (Lc 12,49). Trata-se de se abrir uma vereda para a humanidade, caminho refulgente numa colaboração contínua com Deus que, pelo seu fogo celestial, quer renovar a face da terra. É preciso receber com amor o Divino Espírito Santo”.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário