quarta-feira, 8 de junho de 2011

jESUS VENCEU O DEMÔNIO

JESUS VENCEU O DEMÔNIO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Jesus apresentou-se como o grande triunfador sobre o demônio. Esse é o sentido dos muitos episódios em que demonstrou o seu poder extraordinário sobre o diabo. Uma das cenas mais espetaculares, como narrou São Mateus, foi a libertação de dois homens possuídos por satanás e que, expulsos, foram para uma manada de porcos e se precipitaram dentro do mar, afogando-se todos nas águas, (Mt 8,28-34). Os demônios se acreditavam instalados aqui na terra como donos deste mundo, mas Cristo veio para derrotá-los. Como mostrou São Marcos, todos ficavam atônitos e exclamavam: “Ele manda até nos espíritos imundos e eles obedecem-lhe” (Mc 1,27). O próprio Redentor dava explicação de que era pelo Espírito de Deus que ele expulsava os espíritos malignos o que provava, inclusive, que havia chegado o reino de Deus (Mt 12,28). Satanás se acreditava forte, mas foi desalojado por um mais forte. É esta certeza que levou São Bento a deixar aquela famosa prece que se acha na medalha que se tornou um sinal da proteção divina: “Não seja o dragão o meu guia. Retira-te, satanás, nunca me aconselhes coisas vãs. É mau o que ofereces, bebe tu mesmo os teus venenos”. Segundo as melhores fontes históricas estas palavras saíram dos lábios mesmos do notável Abade. Numerosos fatos confirmam que o piedoso uso desta medalha com tais dizeres e com a invocação de São Bento tem, realmente, obtido graças extraordinárias para o corpo e para a alma, proteção contra as doenças, os perigos e qualquer tipo de tentação do Inimigo. Isto está bem de acordo com o Evangelho, pois na maior parte dos casos nos quais Cristo interveio nesta terra misturam-se possessão diabólica e doença (Mt 17, 15.18). É que a cruz de Jesus se ergue entre dois limites: a fraqueza humana e a força divina. Pela cruz ele venceu definitivamente a satanás e o cristão que traça em sua fronte este sinal de vitória, traz consigo o crucifixo e mais ainda, tem Cristo fixo no coração, nada tem a temer das potências infernais. Foi por isto que São Paulo não queria conhecer senão Jesus e Jesus crucificado como falou aos Coríntios (1 Cor 2,2). Podia ele então ufanamente proclamar: “Eu tudo posso naquele que é a minha fortaleza” (Fl 4,13). O cristão está sempre de atalaia, atento e, sobretudo, combatendo o seu defeito dominante que é a porta por onde as insinuações malévolas do inimigo podem entrar, mas robustecido com a certeza do triunfo nunca desanima, pois sabe que na cruz de Cristo tem o sinal, a garantia de sua ascensão espiritual e de que jamais sucumbirá diante do demônio. Deus sonda os corações e os põe à prova. Permite a ação do inimigo, mas dá sua graça e, por isto, Cristo ensinou a rezar: “Não nos deixeis cair em tentação” (Mt 6,13). Esta é ordenada para a vida, não para a morte. Condiciona a existência em Cristo. É uma condição indispensável para o crescimento espiritual, de robustez interior, de fidelidade manifestada ao Ser Supremo, de humildade, numa palavra, é o próprio caminho da Páscoa interior, o do amor que vence os obstáculos. Abre a um maior dom do Espírito Santo, porque Ele já realiza nela seu trabalho de libertação. Assim libertado e esclarecido pelo Espírito, o cristão provado sabe discernir, verificar o que é bom e o que é contra a vontade divina. Donde ser importante sempre o exame de consciência, que não é aritmética espiritual, mas discernimento dinâmico em que cada um se avalia à luz do Espírito divino. A luta contra o inimigo ajusta o batizado ao mistério de Deus. É a passagem do egoísmo ao amor. Santa Teresa que era muito tentada pela vaidade, pugnou bravamente e, certo dia, imersa nas tribulações, após mais uma vitória, indagou de Cristo onde ele estava, enquanto ela lutava contra a tentação. Jesus lhe respondeu: “Teresa, estava dentro do teu coração, para o robustecer”. Todos os grandes santos chegaram a uma santidade eminente exatamente porque souberam triunfar de todas as dificuldades. Santo Antão foi para o deserto para se entregar todo a Deus, mas lá foi sobressaltado por terríveis tentações e Santo Atanásio, seu notável biógrafo, narrou com detalhes impressionantes o quanto aquele eremita teve que combater para, com a cruz de Jesus, vencer o mal. Três agentes caracterizam as provas enviadas por Deus: Ele quer avaliar o fundo de cada coração para poder retribuir a sinceridade; então cada um comprova sua lealdade a Ele; terceiro para que, a exemplo de Cristo, o batizado seja sempre um vencedor. Eis porque se deve repetir as palavras do citado São Bento: “Dá-me, benigníssimo Jesus, a inteligência que Te entenda, a sabedoria que Te encontre, o espírito que Te ame, o ato que Te glorifique, os ouvidos que Te ouçam, os olhos que Te vejam, a língua que Te louve, a paciência que suporte os males permitidos por Ti. Dá-me Tua presença; dá-me a feliz ressurreição, e como prêmio, a vida eterna”. É ainda de bom alvitre assim orar: “Tua graça me basta, Senhor, é ela que eu imploro” *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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