terça-feira, 23 de novembro de 2010

O BRASIL NO COMANDO DE UMA PRESIDENTE

O Brasil no comando de uma presidente
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
No instante histórico em que uma mulher foi eleita Presidente do Brasil, não se pode esquecer também que nossa pátria já foi governada por três anos e meio por uma mulher, a Princesa Isabel Cristina de Bragança em ausências de seu pai. Aliás, ela era a herdeira do Trono Brasileiro. Desempenhando importante papel na alta magistratura imperial, ela se distinguiu na libertação dos escravos. Hoje Dilma Rousseff, nas suas declarações durante a campanha eleitoral e nos seus primeiros pronunciamentos à nação, asseverou que vai batalhar, ainda mais, pela libertação dos que vivem nas camadas mais pobres da sociedade. Isabel Cristina angariou fundos destinados à abolição da escravatura e, numa quermesse, chegou a vender flores colidas no quilombo do Leblon no Rio de Janeiro em benefício da nobre causa. Dilma Rousseff, a “Mãe do PAC” já tem toda uma estrutura para diminuir sempre o número dos escravos da miséria. Isabel assinou, no seu primeiro período regencial, a Lei do Ventre Livre em 1871, Dilma Rousseff afirmou que não assinará lei alguma que favoreça o aborto, o qual, realmente, é um crime nefando. A glória máxima de Isabel Cristina foi, de fato, assinar a Lei Áurea em 1888, extinguindo a escravidão no território nacional. A auréola maior de Dilma Rousseff há de ser, após um brilhante governo, fazer desaparecer a escravidão que, infelizmente, ainda existe em várias partes do Brasil. Deste modo ela como Isabel Cristina há de merecer o título de Redentora. Isabel Cristina assinou o decreto de naturalização do estrangeiro no país, Dilma Rousseff, que tem suas raízes na Bulgária, e é uma democrata convicta não permitirá nenhuma discriminação aos que desejarem se estabelecer legalmente no Brasil. Isabel Cristina se empenhou no estabelecimento das relações comerciais com os governos vizinhos. Dilma Rousseff já declarou que estará atenta às questões econômicas internacionais, tanto mais que é formada em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A Isabel Cristina se deveu a ampla anistia aos bispos de Olinda e Pará, D. Vital e D. Macedo Costa por ocasião da Questão Religiosa. Dilma Rousseff afiançou o respeito à liberdade religiosa neste país. Brilhante o governo quer de Isabel Cristina, quer de Dilma Rousseff nos cargos públicos que ocupou demonstrando ambas rara sabedoria e eficiência. Muitas mulheres têm ocupado com êxito o governo de vários Estados brasileiros e honrado a Câmara Federal, o Senado da República, as Assembléias Estaduais, as Prefeituras, as Câmaras Municipais. Estava mesmo na hora da Presidência da República ser entregue a uma dama. Em todo o mundo, apenas dez mulheres, antes de Dilma Rouseff, foram eleitas pelo voto direto para a Presidência da República, tornando-se a terceira na América do Sul. Em 2006, o Chile elegeu Michelle Bachelet e, em 2007, a Argentina elegeu a atual presidente, Cristina Kirchner. Houve outra presidente na América do Sul, Isabelita Perón, contudo esta chegou ao cargo substituindo o marido falecido, Juan Domingo Perón, de quem era vice. Na Bíblia vemos que o Espírito de Deus desce sobre certas mulheres, transformando-as tal como aos homens em profetizas, mostrando que seu sexo não é um obstáculo à irrupção da iluminação divina. Foi o que aconteceu, por exemplo, a Miriam (Ex 15,20 ss), a Débora, a Jael (Jz 4,4; 5,31) a Holda (2 R 22,14-20). A figura de Judite é notável no Antigo Testamento. As mulheres muito contribuíram para a vida pública de Israel. No Novo Testamento se fizeram presentes em episódios marcantes da vida de Jesus e nas tarefas das primeiras comunidades. Aliás, uma mulher, Maria, foi a escolhida de maneira especial para ser a Mãe de Deus, a Mãe do Messias, recebendo o embaixador do Ser Supremo, o Anjo Gabriel. (Lc 1,26 ss). O Apocalipse engrandece a mulher coroada de estrelas. Essa mulher é, em primeiro lugar, a Igreja, nova Eva, que dá nascimento ao Corpo de Cristo. É em seguida, de acordo com a interpretação tradicional, a própria Maria. Pode-se ver nela também o protótipo daquela que em seu coração, na sua coragem, cada mulher deseja tornar-se. O Papa João Paulo II escreveu uma Carta Apostólica, Mulieris dignitatem, sobre a dignidade da mulher, publicada em 1988. O Papa fez uma reflexão antropológica e teológica sobre o ser mulher. Lembra este Pontífice que Cristo foi o verdadeiro promotor da grandeza feminina pela sua palavra e vida não discriminando a mulher como muitos de seus contemporâneos. Segundo este documento papal foi após Jesus, que o “feminino” se tornou o símbolo do “humano”. Rejubile-se o Brasil, porque vai ser governado por uma mulher talentosa que muito engrandecerá a pátria e entrará gloriosamente na nossa História. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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