quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Jesus morto nos braços de Maria

SUS MORTO NOS BRAÇOS DE MARIA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Que desdita para a pobre e agoniada mãe! Durante os sofrimentos na Cruz nada pôde fazer por seu dileto Filho, porque os algozes não o permitiram. Agora que Jesus lhe fora restituído quisera que Ele estivera vivo, pois era seu desejo mais intenso tudo fazer por Ele no sentido de mitigar-Lhe os sofrimentos e Lhe testemunhar todos os sentimentos de seu coração de mãe. Reconhece logo que nada de útil pode executar a seu favor. Que tormento para a mais extremosa das mães reduzida a carpir o Filho de suas afeições que se acha junto a si desfalecido, sem vida. Naquele instante cruel uma onda de tristeza e mágoa se difundiu pelo coração aturdido da mãe ao contemplar de perto os horrores que se espalhavam pelo corpo de seu Jesus.
Entretanto que ainda não se esvaziara de todo o cálice amargo de seus sofrimentos. Uma tristeza muito mais pungente iria visitar-lhe o coração, porque amargura da separação, do isolamento, da soledade.
Tinham que ser atendidas as injunções humanas. A humanidade de todos os tempos é sempre a mesma. Os homens tardos, falhos, relapsos quando se trata de ministrar a justiça, são impiedosos, rígidos, relapsos, às vezes insolentes, no momento de atender suas convenções, de cumprir as suas leis. Ora, estas leis proibiam que cadáveres ficassem insepultos nos dias de sábado. Então, pouco Maria pôde ficar junto de seu Filho. Teria que se separar dele. Estava condenada a ficar sozinha, sem Jesus. Após o sepultamento de seu Filho amado ela contemplou ainda uma vez a Cruz, na qual Ele tanto sofrera para remir a humanidade.
A cruz permanece de pé, enquanto o mundo gira.
Nada foi tão grande, nem tão sublime como aquela majestade serena na morte, na morte na Cruz de um Deus! O Pai, em Cristo, reconciliou o mundo. Na sua misericórdia quis Deus não somente a justificação do homem pela remissão do pecado, mas também sua total redenção. Maria reviveu tudo isto ali no Calvário
Ela quer então que percebamos no mais íntimo de nossos corações o grande convite a esta plenitude de santificação, da busca da perfeição preceituada por Jesus: “Sede perfeitos, como o Pai celeste é perfeito”( Mt 5,48).
O cristão tem uma vocação inata para a santidade.
Todas estas reflexões são um alerta, porque a paixão do Salvador não opera de uma maneira mágica, mecanicamente, fazendo o homem partícipe de uma ação na qual não tomaria parte. A cruz de Cristo deve ser a partilha dos batizados. Eis a mensagem que a Senhora das Dores oferece a quantos meditam em seus sofrimentos lá no Calvário, para que seus sofrimentos e os padecimentos de seu Jesus não sejam inúteis para a salvação de cada um. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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