quarta-feira, 23 de junho de 2010

O Espírito da Verdade

O ESPIRITO DA VERDADE
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Jesus disse aos Apóstolos: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora” (Jo 16,12). O Espírito Santo que Ele enviaria do Pai seria quem os guiaria à verdade plena. Tal a missão da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade iluminar os corações com força e claridade, penetrando as profundezas da alma humana. Ele mostra que a verdade vem apenas de Cristo que comunica paz, imperturbabilidade e alegria verdadeiras ao coração. Jesus expôs isto claramente: “Quando vier o Consolador que eu enviarei lá do Pai, o Espírito da verdade, que do Pai procede, ele dará testemunho de mim (Jo 15,.26). São João decodificou maravilhosamente estas palavras, dizendo que quem vence o mundo é aquele que crê em Jesus e que “é o Espírito que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade” (1 Jo 5,6). A função do Paráclito é fazer compreender a verdade de Cristo, suscitando a fé inabalável no divino Redentor. Este Espírito revela que existe um liame profundo entre Jesus e a verdade. Qualquer outra alternativa que não seja o Mestre divino não passa de terrível ilusão. Eis por que o cristão deve viver na verdade, longe do espírito do mal que é o Maligno, o qual o próprio Jesus afirmou que “é o pai da mentira” (Jo 8,44). Em conseqüência, aquele que vive fora da verdade não pode se dizer seguidor de Cristo. O cristão é o ser novo regenerado em Cristo para a vida da graça, nova criatura que deve passar seus dias na justiça e na santidade sincera. Como mostrou São Paulo aos Coríntios, quem renasceu mediante o batismo está unido a Cristo e conhece uma existência nova outorgada por Deus, (2 Cor 5,17). Aquele então que se acha, mediante a ação do Espírito Santo, unido a Cristo, que é a verdade, e enquanto age sob Seu influxo celestial, não peca nem pode pecar, porque a veracidade divina só o pode induzir a obras santas. Torna-se sob este aspecto impecável, entendido isto não em sentido absoluto, mas na realidade vivida de quem se deixa possuir pelo Espírito Santo. Os menores embaraços à ação do Espírito da verdade é que são profundamente nefastos, porque abrem as portas para a dubiedade e a obscuridade interior. Com efeito, é o Espírito Santo que cria e move os batizados no tempo atual com seus diversos carismas e dons. São Gregório Magno, num de seus escritos, diz que o Espírito “toca” e faz o fiel ser outro Cristo. Além disso, nos fiéis a presença da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, silenciosa e operante, precede todos os atos de fé, de esperança e caridade. É que Ele prepara as pessoas e as previne com sua graça para atraí-las a Cristo. Ele manifesta o Senhor ressuscitado, recorda-lhes sua palavra, abre seu espírito para a compreensão do mistério da salvação. Deste modo, o Espírito Santo ocupa a centralidade específica do dia a dia do cristão, em todos os caminhos da perfeição. Sob a égide do Espírito Santo toda atividade da pessoa humana se muda em ação que tende, facilmente, à imitação de Cristo para segui-lo de perto com a própria cruz de cada hora e para a realização dentro das limitações humanas da ordem dada por Jesus: “Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Trata-se então do esforço contínuo do cristão para perceber a presença da ação do Espírito da verdade nele. Desta maneira se vive de fé e com fé, sob os impulsos e o amparo do Espírito Santo que aperfeiçoa todas as virtudes no batizado, infundindo-as neles repetida, renovadamente, mas exigindo deles resposta dócil, obediente às suas inefáveis inspirações de cada momento. É preciso, de fato, estar continuamente sintonizado com o Espírito da verdade para que se possa captar toda grandeza de Cristo, que Ele testemunha a cada passo, tentando, realmente, metamorfosear o fiel em outro Cristo. São Paulo atingiu este ideal e pôde declarar: “Sede meus imitadores com eu o sou de Cristo” (1 Cor 11,1. É que Paulo havia escrito: “Declaro-vos, portanto, que ninguém que fale movido pelo Espírito Santo diz anátema a Jesus e ninguém pode dizer “Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo (1 Cor 12,3). Eis por que Cristo asseverou que o Espírito da verdade o glorificaria. *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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