segunda-feira, 12 de abril de 2010

IMPORTÂNCIA DA COMUNHÃO EUCARÍSTICA

A IMPORTÃNCIA DA COMUNHÃO EUCARÍSTICA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Ao instituir a Eucaristia Cristo desejava se unir a nós em estreita comunhão. Ele mesmo asseverou: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”( Jo 6,56). É que Ele não só quis prolongar uma imolação já de si tão estupenda, senão que desejou que nós estivéssemos unidos a Ele por uma união reduplicada, profunda, ou seja, nós nele e Ele em nós num modo de estar recíproco. O ser racional em Deus e Deus nele! Maravilha que só um grande amor poderia realizar.Apenas na eternidade o cristão terá plena consciência da imensidade de benefícios espirituais que, no tempo, estiveram a seu inteiro dispor no Sacramento do Altar. A graça sacramental específica que ele outorga é a força que de si comunica por ser alimento divino. Robustez, fruto da união física com o Verbo Eterno de Deus. Esta união com Ele é transformadora, metamorfoseando o fiel em Cristo.
São Mateus ressaltou: “Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos” (Mt 26, 20). Aí Cristo se fez alimento espiritual de seus seguidores. A nutrição é a assimilação por um ser vivo de uma substância que ele transforma em sua própria substância, visando sua subsistência. A Eucaristia produz no fiel uma assimilação semelhante à assimilação nutritiva. Entretanto, há uma diferença fundamental. Enquanto a alimentação material é assimilada pelo ser vivo, Cristo que é o vivente por excelência, tornado alimento, Ele nos assimila e nos transforma nele, e, até mesmo, como que, nos transubstancia nele, fazendo-nos participantes de sua própria vida.
A inteligência, a vontade, a imaginação humanas tão frágeis, se fortificam, se iluminam, unidas ao próprio Deus, Sabedoria, Santidade e Luz infinitas. O coração, por vezes, tão insensível se aquece na fornalha do amor sem limites. Se os discípulos de Emaús podiam afirmar que seus corações se abrasaram enquanto conversavam com Jesus pelo caminho (Lc 24,32), que não poderá dizer aquele que se une tão intimamente com Cristo no momento da comunhão? Eis porque se deve sempre incrementar um ardente desejo de se estar assim unido a Cristo através da Eucaristia. Ao considerar cada um sua debilidade, sua pobreza, sua insignificância diante de Deus precisa excitar em si um profundo anelo de se unir a Jesus, dado que Ele é o único que o pode fortalecer, o único que o pode socorrer, o único que o pode enriquecer com suas graças, com seus dons, o único que pode preencher o coração humano com aquele amor que nada na terra pode satisfazer.No momento da Comunhão se recebe o Deus e Salvador, o Juiz e o Glorificador, o Esposo eterno da alma. Aí está o motivo pelo qual São Boaventura se preparava para a Comunhão considerando que para a ceia eucarística quem convida o cristão é o Rei dos Reis. Convite, diz este santo, daquele Rei cuja grandeza reverenciam os céus e a terra, cuja sabedoria ilumina a todos os espíritos celestiais, de cuja clemência se saciam todos os bem-aventurados. Ó maravilha, exclamava então este notável místico, dado que este Rei deseja a hospitalidade humana e aprecia o coração de cada um mais do que o seu celestial palácio. Por tudo isto nada se pode igualar ao momento da Comunhão, pois neste instante venturoso se recebe o Doador de todos os dons, que aumenta a fé, eleva a esperança e dilata o amor. O Profeta Elias rendido e exausto de forças não podia continuar sua viagem, fugindo das iras de Jesabel e estava à beira da morte debaixo da sombra de uma árvore. O anjo do Senhor o tocou e lhe entregou um salutar alimento. Ele se nutriu do mesmo e de tal modo se fortificou que pôde continuar quarenta dias e quarenta noites até chegar ao monte de Deus, o Horeb. Do mesmo modo a alma que tem que fugir constantemente dos inimigos espirituais se robustece com o Pão celestial, refrigerada com o Sangue divino, e,confortada, tendo suas forças restauradas para chegar à montanha da santidade.Felizes os que recebem com as melhores disposições este divino manjar, penhor seguro da salvação eterna, fonte da beatitude mais inebriante.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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