TODOS OS SANTOS E SANTAS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
As mensagens que a festa de todos os santos e santas deixa para os fiéis são as mais consoladoras possíveis e também profundamente instigantes para a existência dos cristãos. Os pensamentos e desejos se voltam para a Jerusalém celeste onde já se encontram todos aqueles que amaram e serviram a Deus neste exílio terreno e lá já receberam o prêmio de suas boas obras. Trata-se de uma vigorosa afirmação alicerçada na fé de que há um outro mundo bem perto de cada um, separado tão somente pela noção do tempo. Os que atingiram o céu vivem no mundo do Eterno. Pelo dogma da comunhão dos santos nesta solenidade a Igreja peregrina da terra se une ainda mais intensamente aos irmãos glorificados junto do Ser Supremo. Eles corresponderam ao projeto salvífico do Pai através do sacrifício de Cristo e sob a iluminação do Divino Espírito santo, correspondendo sempre às graças recebidas. Deste modo a festividade dedicada aos que já se acham na posse da bem-aventurança perene é um convite a que se desprenda das veleidades terrenas e se volte inteiramente para as realidades futuras. Com a transformação dos espinhos da vida em pérolas preciosas para a eternidade, passando os dias na observância total, integral dos Mandamentos divinos, quem acredita nas promessas bíblicas não trepida, não teme a morte e vive na casa da fulgente esperança! Ecoam as palavras sublimes de São Paulo: “A nossa presente tribulação, momentânea e ligeira, nos proporciona um peso eterno de glória incomensurável. Porque não miramos as coisas que se vêem, mas sim as que não se vêem. Pois as coisas que se vêem são temporais e as que não se vêem são eternas ( 2 Cor 4,17). Eis por que acrescenta o mesmo Apóstolo: “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada (Rm 8,18). São João no Apocalipse contemplou a multidão de pessoas que foram purificadas pelo sangue valiosíssimo do Cordeiro. Ultrapassada a barreira da peregrinação chegaram ao término glorioso de uma ventura sem fim. Celebra-se deste modo a Cidade do Alto onde estão reunidos os eleitos para glorificarem a Deus por todo sempre. É uma imersão no mundo maravilhoso de um amanhã feliz, no qual todos são reflexos de Cristo Ressuscitado. Da Casa do Pai parentes e amigos acenam, pedindo que não se deixe cada um levar pelas ilusões mundanas. Eles tiveram um encontro com Cristo nos caminhos da vida terrena, foram fiéis ao chamamento do Mestre e agora gozam de sua companhia na ultravida que não acabará nunca. Eles compendiaram em si mesmos as Bem-aventuranças proclamadas por Cristo, viveram em função delas e agora recebem o galardão de sua fidelidade. Viveram continuamente na presença de Deus e atualmente O adoram numa dita sempiterna na pátria definitiva. Deste modo a solenidade de todos os Santos é um apelo à santidade existencial, afastando todos os fúteis pretextos que o Inimigo possa apresentar. A exemplo dos que conquistaram a coroa eterna é preciso confiar sempre na proteção divina. Cumpre que cada cristão se santifique no cumprimento do dever de cada dia. A todos Deus cumulou de qualidades especiais e únicas que devem ser exploradas na edificação própria e dos outros e aí está o segredo da perfeição cristã. A meta é estar um dia na mansão celestial onde, segundo São João, “não haverá mais noite nem terão (os eleitos) necessidade da luz de lâmpada nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles e reinarão por todos os séculos” (Ap 22,4-5). Portanto, mister se faz uma luta contínua para escapar da condenação eterna e chegar ao porto da salvação. Cristo operou a redenção universal, mas quer a cooperação de cada um e todo cuidado é pouco. Santo Agostinho deixou este lembrete: “Aquele que te salvou sem ti, não te salvará sem ti”. Cumpre trabalhar pela conquista do céu como o fizeram os santos que lá já se acham, porque trilharam as veredas traçadas pelo Filho de Deus. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos..
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
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