segunda-feira, 23 de março de 2009

AS VIRTUDES DA IRMÃ DENISE

HOMILIA NA MISSA EXEQUIAL DA IRMÃ DENISE
Dia 19 de março no Santuário Santa Rita de Cássia em Viçosa - MG
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Viçosa que desde 1917 vem recebendo notável influência carmelitana com a presença de notáveis Religiosas, hoje se une de maneira especial à Congregação das Irmãs Carmelitas da Divina Providência nesta Celebração da Esperança.
Todos sentimos o falecimento da Irmã Denise que, aos 70 anos, foi para a Jerusalém celeste, deixando um rastilho de luz por todos os lugares por onde passou.
Chamava-se Maria da Glória de Sá e era natural de Visconde do Rio Branco.
Durante 48 anos foi uma religiosa carmelita que ostentou cultura, santidade existencial e um grande amor à Igreja de Jesus Cristo.
Como atestam suas co-irmãs, era uma apaixonada pela Congregação sempre divulgou por toda parte a devoção a Nossa Senhora do Carmo e ao Escapulário, fanal de tantas graças.
Coordenadora do Ensino Religioso do Colégio Nossa Senhora do Carmo de Viçosa, durante quatro dias por semana estava a serviço da Faculdade de Caratinga como exímia professora de Línguas.
Prestou inúmeros serviços à Congregação entre eles do de Mestra de Postulantes.
Delicada no trato com as pessoas, patenteando uma modéstia admirável, nada queria para si e tudo para os outros.
Agradecia comovida todos os favores recebidos.
Foi ainda compositora de músicas carmelitanas.
Bossuet, célebre também por suas Orações Fúnebres, dizia que, após a recordação dos bons feitos dos autênticos discípulos de Cristo, uma Missa de Corpo Presente propicia uma reflexão sobre a morte.
O Concílio Ecumênico Vaticano II, na Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, nos fala, no Capítulo I, sobre o Mistério de Morte: “Diante da morte, o enigma da condição humana atinge seu ponto alto. O homem não se aflige somente com a dor e a progressiva dissolução do corpo, mas também, e muito mais, com o temor da destruição perpétua. Mas é por uma inspiração acertada do seu coração que afasta com horror e repele a ruína total e a morte definitiva de sua pessoa. A semente de eternidade que leva dentro de si, irredutível à só matéria, insurge-se contra a morte. Todas as conquistas da técnica, ainda que utilíssimas, não conseguem acalmar a angústia do homem, pois a longevidade que a biologia lhe consegue não satisfaz o desejo de viver sempre mais, que existe inelutavelmente em seu coração. Enquanto toda imaginação fracassa diante da morte, a Igreja, contudo, instruída pela Revelação divina, afirma que o homem foi criado por Deus para um fim feliz, além dos limites da miséria terrestre. Mais ainda. Ensina a fé cristã que a morte corporal será vencida um dia, quando a salvação perdida pela culpa do homem lhe for restituída pelo seu onipotente e misericordioso Salvador. Pois Deus chamou e chama o homem para que ele, com sua natureza inteira, lhe dê sua adesão na comunhão perpétua da incorruptível vida divina. Cristo conseguiu esta Vitória, por sua morte, liberando o homem da morte e o ressuscitando para a vida. Para qualquer homem que reflete, apresentada com argumentos sólidos, a fé dá-lhe uma resposta à sua angústia sobre a vida futura. Ao mesmo tempo, oferece a possibilidade de comunicar-se em Cristo com os irmãos queridos já arrebatados pela morte, trazendo a esperança de que eles tenham alcançado a verdadeira vida junto de Deus”.
No momento do falecimento, essa doutrina tão profunda conforta e alivia. É lenitivo e bálsamo. A morte é, de fato, a lúcida aurora da eterna vida. Para os justos, como a Irmã Denise, conduz ao trono de glória. É o suave sono que à dor sucede, do qual se desperta no Éden do Senhor.
O túmulo, para os que amaram a Deus, é a porta dos átrios do céu. Formal a promessa de Cristo: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 54), como acabamos de escutar a pouco no Evangelho.
A Irmã Denise conhecedora profunda da Literatura e da Língua Francesas conheceu muito bem as obras do notável literato Paul Claudel e, por certo, repetiria sempre um de seus pensamentos mais belos e que ficam aqui como uma mensagem para todos nós: “Vivo à espera do encontro com Deus. E uma alegria inexplicável me invade”.

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